E se Elizabeth II morrer? Qual o plano do Reino Unido para os dias após a morte da rainha
Quem estará acompanhando os momentos finais da monarca e como a sucessão vai ocorrer são planos que o Palácio de Buckingham prevê
TERRA DA RAINHADois dias após encarregar a conservadora Liz Truss de formar um novo gabinete, oficializando a posse do 15º premiê de sua reinado, Elizabeth II foi colocada sob cuidados médicos nesta quinta-feira, 8, segundo informações do Palácio de Buckingham.
“Após uma avaliação mais aprofundada nesta manhã, os médicos da rainha estão preocupados com a saúde de Sua Majestade e recomendaram que ela permaneça sob supervisão médica”, diz o aviso divulgado pela Casa Real. De acordo com a imprensa britânica, o príncipe Charles, filho de Elizabeth, e o príncipe William, neto, estão a caminho do Castelo de Balmoral, na Escócia, onde a rainha recebe cuidados.
A saúde da monarca de 96 anos é motivo constante de preocupação, mas alguns incidentes vêm aumentando o nível de atenção, com cada vez mais ausências em eventos públicos. Na quarta-feira, 7, Elizabeth cancelou uma reunião com seu Conselho Privado após ter sido instruída a descansar. Durante as comemorações de seu Jubileu de Platina (quando completou 70 anos de reinado) a rainha também teve uma participação reduzida. Com isso, fica a pergunta: o que acontece se a rainha morre? Quais são os planos da monarquia e do Reino Unido para uma transição?
Planos - De acordo com o jornal britânico The Guardian, o Palácio de Buckingham tem diversos rascunhos do que pode ocorrer e a maioria prevê que a monarca morra após uma curta doença, na presença de sua família e médicos.
Quando a rainha-mãe morreu na tarde de um sábado de Páscoa, em 2002, no Royal Lodge em Windsor, ela teve tempo de telefonar para amigos para se despedir e doar alguns de seus cavalos.
Nas últimas horas de Elizabeth, diz o jornal, o médico dela, o professor Huw Thomas, deve estar no comando. Ele cuidará de sua paciente, controlará o acesso ao quarto dela e considerará quais informações devem ser tornadas públicas.
O palácio divulgará boletins, não muitos, mas suficientes. Em 1901, dois dias antes da morte da rainha Vitória, o médico dela anunciou: “A rainha está sofrendo de grande prostração física, acompanhada de sintomas que causam muita ansiedade”, disse Sir James Reid.
O último aviso emitido pelo médico de George V, Lord Dawson, na noite de 20 de janeiro de 1936, antecedeu sua morte. Pouco tempo depois, Dawson injetou no rei 750mg de morfina e um grama de cocaína – o suficiente para matá-lo duas vezes – para aliviar o sofrimento do monarca.
A sucessão - Assim que Elizabeth II fechar seus olhos para sempre, Charles será rei. O primeiro funcionário a lidar com a notícia será Sir Christopher Geidt, secretário particular da rainha, um ex-diplomata que recebeu um segundo título de cavaleiro em 2014, em parte por planejar sua sucessão.
Geidt entrará em contato com o primeiro-ministro britânico para dar a notícia. A última vez que um monarca britânico morreu, George VI há 65 anos, sua morte foi transmitida em uma palavra-código, “Hyde Park Corner”, ao Palácio de Buckingham, para evitar que os telefonistas descobrissem.
Para Elizabeth II, o plano para o que acontece a seguir é conhecido como “London Bridge” (Ponte de Londres). O premiê será abordado pelos funcionários, que lhe dirão dirão: a ponte de Londres caiu em linhas seguras. A notícia então vai para os 15 governos fora do Reino Unido, onde a rainha também é chefe de Estado, e para as 36 outras nações da Commonwealth.
A notícia vai correr e chegar ao público, provavelmente em questão de minutos. O Guardian lembra que quando a princesa Diana morreu às 4 horas no hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, em 31 de agosto de 1997, os jornalistas que acompanhavam o ex-secretário de Relações Exteriores Robin Cook, em uma visita às Filipinas souberam em 15 minutos.
Por muitos anos, a rede britânica BBC foi informada sobre as mortes da realeza em primeira mão, mas seu monopólio na transmissão para o império acabou. Quando a rainha Elizabeth II morrer, o anúncio sairá como uma notícia para a Press Association e para o resto da mídia mundial simultaneamente.
No mesmo instante, um lacaio em trajes de luto sairá de uma porta do Palácio de Buckingham, atravessará o cascalho rosa maçante e prenderá um aviso de borda preta nos portões, explica o Guardian.
O dia seguinte - No dia D+1, um dia após a morte da rainha, as bandeiras voltarão a ser levantadas e, às 11 horas (hora local), Charles será proclamado rei.
Um alto funcionário público chamado Richard Tilbrook lerá o texto formal: “Considerando que agradou a Deus Todo-Poderoso chamar à Sua Misericórdia nossa falecida Soberana Senhora Rainha Elizabeth a Segunda de Abençoada e Gloriosa memória…” e Charles cumprirá os primeiros deveres oficiais de seu reinado, jurando proteger a Igreja na Escócia e falando do pesado fardo que agora é seu.