Com um caso em MS, especialista tira dúvidas a respeito da varíola dos macacos
A profissional reforça que mesmo com o aumento de casos no Brasil, não é preciso ter pânico
SINTOMASMato Grosso do Sul já tem o seu primeiro caso confirmado de varíola dos macacos. O paciente confirmado com a doença, tem 41 anos. Ele havia viajado para São Paulo entre os dias 16 e 19 de junho. Mas mesmo com primeiro caso confirmado, o secretário estadual de Saúde, Flávio Britto, já adiantou disse que não é motivo para alarde.
Apesar do nome, a transmissão da doença considerada uma zoonose viral – quando o vírus é transmitido aos seres humanos a partir de animais, que inicialmente ficou conhecida como "varíola dos macacos, não está associada aos primatas, segundo a Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Primatologia. O alerta dos órgãos é também uma forma de chamar a atenção para que os animais não sejam prejudicados.
A infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Unimed CG, Haydée Marina do Valle Pereira, esclareceu alguns pontos em torno da doença.
Como ocorre a transmissão? - A transmissão pode acontecer por vias respiratórias, por gotículas de saliva e fluidos corporais, mas também por contato indireto, quando tocamos superfícies ou objetos infectados, ou ainda por contato direto, através de abraços, aperto de mão com um indivíduo infetado, por exemplo.
Quais os sintomas? - A doença pode causar febre, adenomegalia, que é o aumento dos linfonodos (gânglios) na região cervical ou inguinais, dores musculares e de cabeça, além de lesões de pele em diferentes estágios. Primeiro aparecem máculas, que são as manchas, depois surgem as pápulas, que já são manchas mais elevadas e com textura. Posteriormente estas tornam-se vesículas, depois, pústula e, por fim, a crosta. Essas lesões surgem na face, membros superiores e inferiores, palma e planta dos pés e o tronco.
A infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Unimed CG, Haydée Marina do Valle Pereira
Identificados os sintomas, o que é preciso fazer? - Primeiro procurar assistência médica para que seja feito o diagnóstico diferencial. No hospital da Unimed Campo Grande temos um fluxo estabelecido, onde, inicialmente, o paciente é colocado em isolamento de contato, e seguimos todas as orientações do Ministério da Saúde.
Como funciona o tratamento? - No Brasil ainda não temos um tratamento para pacientes sintomáticos, mas o ele (paciente) é cuidado de modo a amenizar os sintomas da doença. Já na Europa, por exemplo, existe um antiviral que bloqueia a transmissão da doença para outras pessoas.
Qual a importância do isolamento para quem foi diagnosticado com monkeypox? - O isolamento é essencial para cortar a cadeia de transmissão da doença para outras pessoas. Importante destacar que enquanto não caírem todas as crostas, ou seja, todas as casquinhas das lesões, o paciente infectado precisa continuar isolado.
O que fazer para evitar o contágio? - Umas das orientações é usar a máscara de proteção, até porque ainda temos o coronavírus, e aqui no Brasil já têm casos autóctones, que são os pacientes infectados aqui mesmo. Manter distanciamento e a higienização constante das mãos também são formas de evitar o contágio.
Quando procurar atendimento médico? - Caso o indivíduo tenha viajado para países de maior incidência da doença, que tenha tido contato com pessoas que viajaram para estes locais ou com alguém diagnosticada com o monkeypox, é preciso agendar uma consulta com um médico para ser avaliado.
A profissional reforça que mesmo com o aumento de casos no Brasil, não é preciso ter pânico. "Apesar do aumento de casos não há motivo para pânico como o que vivemos com a Covid-19, pois monkeypox é uma doença de baixa transmissibilidade. No entanto é necessário manter os cuidados citados para evitar o contágio", finaliza.