Do entusiasmo pelo Judiciário à paixão pela natureza
Desejo de trabalhar no Judiciário surgiu quando, ainda mais jovem, trabalhou no cartório extrajudicial do município
TJMSNatural de Aquidauana, Jucemara Lopes Vera ingressou jovem, aos 20 anos de idade, como auxiliar judiciário da comarca de seu município, no ano de 1985. Ao longo de sua trajetória, foi promovida a escrivã substituta da Vara Criminal, até chegar ao cargo de escrivã judicial, assumindo o cartório da 1ª Vara Cível.
O desejo de trabalhar no Judiciário surgiu quando, ainda mais jovem, trabalhou no cartório extrajudicial do município. Ela ficava encantada com a equipe do Tribunal de Justiça que fazia as correições de tempos em tempos e sonhava em um dia ingressar como servidora também.
Do início no Judiciário, ela recorda dos tempos das máquinas de escrever de teclas duras e dos dias quentes em Aquidauana que eram refrescados apenas por ventiladores. Época que exigia muita concentração na hora de datilografar os mandados de citação com a folha de papel carbono em três ou quatro vias. “Não podíamos errar, senão tínhamos que começar tudo de novo”. A chegada das máquinas elétricas, sem dúvida, foi um grande avanço, do mesmo modo que a instalação do ar condicionado.
O primeiro computador apareceu no período em que o juiz Jonas Hass, hoje desembargador, atuava na comarca. E a chegada do processo digital, mais tarde, foi outra mudança gravada na memória da servidora porque sua mesa, sempre abarrotada de pilhas de processos, se esvaziou, o que até causou certa estranheza.
Memórias que são para ela boas recordações, de tempos quando não havia tantas comodidades e tecnologias, mas quando todos se ajudavam. Trabalhar sempre foi um prazer e nunca lhe faltaram incentivos para continuar aprendendo e estudando.
E assim, no transcorrer do ofício, ela foi se apaixonando tanto pelo Direito que, aos 40 anos de idade, decidiu realizar outro sonho: cursar a faculdade. Esperou a oportunidade certa (após formar os dois filhos), para então encarar a jornada que lhe exigia conciliar o trabalho durante o dia no Fórum de Aquidauana, com as idas à noite para a Capital, no ônibus dos universitários.
Ela se formou em Direito pela UCDB, concretizando tanto uma satisfação pessoal, como também um aperfeiçoamento em sua carreira. A partir de então, diplomada na área, ela podia falar com mais propriedade das demandas que o cargo lhe exigia.
Em 2016, com 31 anos de Judiciário, decidiu se aposentar. Mas, não ficou muito tempo fora do Fórum: logo em seguida, retornou como advogada. Agora, nas audiências, ela não era mais a colega de longa data, era a "doutora".
Exerceu a advocacia numa toada mais leve, aliando também sua paixão por aventuras na natureza, percorrendo trilhas de bicicleta ou a pé, sendo que as últimas já contam com a companhia de seu neto, de 14 anos, que adora participar dos percursos com a "vó aventureira".
Enquanto servidora pública, Jucemara faz questão de frisar o grande sentimento de amor e gratidão pela vida confortável que conquistou graças à oportunidade de trabalhar no Tribunal de Justiça, o que sempre a deixou e a deixa muito feliz.
E como a vida é feita de etapas, com muito amor e dedicação, ela passou o bastão de seu cargo no Judiciário com o sentimento de dever cumprido. Os tempos de muitas responsabilidades todos os dias, hoje foram substituídos por uma vida mais light, um olhar mais atento para si mesma, vivendo plenamente seu momento "livre, leve e solta" pelas trilhas no Pantanal, em Bonito e em outros cantos, sempre em busca de contato com a natureza.