Pepita Ortega e Rubens Anater | 20 de março de 2022 - 17h40

Telegram acata ordem de Alexandre e exclui post de Bolsonaro

O ministro do STF havia determinado a exclusão da postagem feita pelo perfil do presidente Jair Bolsonaro em decisão proferida no âmbito do inquérito das fake news

ORDEM
As ordens ainda pendentes de cumprimento pela plataforma foram listadas após o fundador do Telegram, Pavel Durov, pedir desculpas pelo que chamou de 'negligência' nos contatos com o Supremo - (Foto: Divulgação)

Atendendo a uma das determinações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o Telegram apagou neste domingo, 20, publicação feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, em um de seus ataques ao sistema eletrônico de votação. Neste sábado, 19, o magistrado reconheceu que a empresa cumpriu, parcialmente, decisões por ele proferidas - e até então, ignoradas - e deu 24 horas para que a plataforma executasse os comandos restantes e eventualmente evitar a suspensão do aplicativo prevista para esta segunda-feira, 21.

O ministro do STF havia determinado a exclusão da postagem feita pelo perfil do presidente Jair Bolsonaro em decisão proferida no âmbito do inquérito das fake news.

No documento, o link listado por Alexandre remete à publicação em que o chefe do Executivo divulgou inquérito da Polícia Federal sobre um ataque hacker aos sistemas internos do Tribunal Superior Eleitoral, em 2018. A investigação foi solicitada pela própria corte eleitoral, que já reiterou, diversas vezes, que nunca foram encontrados indícios de que o ataque tenha afetado o resultado das eleições daquele ano.

A postagem, de 4 de agosto, afirmava: "Segue (sic) os documentos que comprovam, segundo o próprio TSE, que o sistema eleitoral brasileiro foi invadido e, portanto, é violável". A publicação contava com quatro links, incluindo o inquérito da PF. Agora a mensagem que aparece no lugar da publicação afirma: "A mensagem não pôde ser exibida porque violou leis locais."

Na ocasião, Bolsonaro usou os documentos para fazer alegações falsas e sem provas sobre fraudes no sistema eletrônico de votação. O episódio inclusive motivou a abertura de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, tanto sobre o ataque às urnas quanto sobre a divulgação de inquérito sigiloso.

Além da exclusão da publicação de Bolsonaro, as determinações que ainda estavam pendentes de cumprimento, segundo o despacho dado por Alexandre neste sábado, 19, eram: a indicação, em juízo, da representação oficial da empresa no Brasil; a exclusão de um canal investigado no inquérito das fake news; e a prestação de informações sobre providências adotadas para o combate à desinformação e à divulgação de notícias fraudulentas, 'incluindo os termos de uso e as punições previstas para os usuários que incorrerem nas mencionadas condutas'.

As ordens ainda pendentes de cumprimento pela plataforma foram listadas após o fundador do Telegram, Pavel Durov, pedir desculpas pelo que chamou de 'negligência' nos contatos com o Supremo e a empresa entrar em contato com a corte máxima informando ter executado parte das ordens expedidas por Alexandre.

O ministro determinou, na quinta-feira, 17, a suspensão do Telegram no País em atendimento a um pedido da Polícia Federal, devido ao reiterado descumprimento do aplicativo russo de decisões judiciais, como ordens para remover informações falsas, além de dificuldades de comunicação com a empresa. A decisão foi tornada pública na sexta, 18.

No despacho, Alexandre disse que a empresa deixou de atender aos comandos, "em total desprezo à Justiça brasileira". O ministro argumentou que tal desrespeito e o reiterado descumprimento de inúmeras decisões "é circunstância completamente incompatível com a ordem constitucional vigente" e contraria o Marco Legal da Internet.