"A cada 4 dias uma mulher é assassinada em MS", alerta Pedro Kemp
O deputado foi quem iniciou o debate, apresentando o dado de que em apenas 39 dias do ano de 2022, nove mulheres foram torturadas, estupradas ou esfaqueadas, sendo brutalmente assassinadas
REUNIÃOA grave situação do feminicídio foi tema de debate na tribuna durante sessão desta quarta-feira (9), entre os deputados estaduais por Mato Grosso do Sul. O deputado Pedro Kemp (PT) foi quem iniciou o debate, apresentando o dado de que em apenas 39 dias do ano de 2022, nove mulheres foram torturadas, estupradas ou esfaqueadas, sendo brutalmente assassinadas.
“Até o dia de ontem, o intervalo entre um feminicídio e outro foi em média quadro dias. Ou seja, a cada quatro dias uma mulher está sendo assassinada em Mato Grosso do Sul. Esse é um dado extremamente preocupante, uma situação muito grave, que deve nos preocupar e nos mobilizar. O número é 80% superior ao registrado no mesmo período em 2021”, explicou o petista relembrando que a realidade no país não é diferente.
O feminicídio é o homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (Lei Federal 13.104/2015). “O que chama atenção são os requintes de crueldade, situações que devem ser estudadas para saber o que leva um companheiro a assassinar sua mulher. É uma verdadeira epidemia, pois se olharmos os registros na Casa da Mulher Brasileira, vamos ver números alarmantes. Essa cultura patriarcal, que ainda é muito forte, a misoginia, o machismo, muito presente ainda nas relações sociais, que acabam fazendo da mulher vítima da violência e do femincídio. Precisamos de políticas públicas eficazes, para enfrentar de formas preventivas e punitivas”, considerou Kemp.
O deputado Professor Rinaldo (PSDB) concordou. “Nos entristece e nos envergonha como homens, pois aquele que prometeu amar e respeitar não o faz. E MS que tem tantas belezas, ao mesmo tempo está sempre entre os primeiros nos números da violência doméstica. Nós protagonizamos algumas leis que fazem a prevenção como a lei que leva a conscientização da Lei Maria da Penha ao conteúdo transversal nas escolas [Lei Estadual 5.539/2020], então você está correto, temos que trabalhar muito na prevenção. Quero me solidarizar com os familiares das vítimas”, discursou Rinaldo.
Para o deputado Barbosinha (DEM) não basta punir. “Esse é tema que angustia e ao longo dos anos o aumento da pena por si só não tem conseguido desestimular os crimes. Pesquisa mostram que as armas brancas são as mais utilizadas e os homens agem com extrema crueldade. Sem focar no trabalho no ambiente escolar, com a questão do homicídio, para que se entenda que matar não é normal, a questão não vai mudar. A falta de esclarecimento dos homicídios é vergonhoso no Brasil. Há muitos sem elucidação. Sem prender, sem punir e sem trabalhar políticas públicas na educação não vamos mudar essa situação”, argumentou Barbosinha.
Da mesma forma, o deputado Paulo Duarte (MDB) concordou com a gravidade dos dados. “É estarrecedor, em pleno século 21, temos leis em níveis municipal, estadual e federal, mas o problema é além disso, é a cultura, de alguns homens que acham que são donos e tem poder sobre as mulheres. Questões muito fortes com caráter psicológico, é algo que precisa buscar alternativa e merece ser debatido. É terrível que tenhamos ainda a cultura machista tão presente em nosso país. Minha solidariedade às mulheres”, disse.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Corrêa (PSDB), também se solidarizou com a família das vítimas e se somou ao coro dos deputados. “Essa é uma preocupação da Casa de Leis como um todo. Toda minha solidariedade ao tema”.
Denuncie - Se você presenciar um caso de violência contra a mulher chame imediatamente a Polícia Militar pelo 190 ou leve a vítima para ser atendida pela Casa da Mulher Brasileira, na Rua Brasília, Lote A, Quadra 2 s/n - Jardim Ima, aberta 24 horas em Campo Grande ou delegacias da mulher. Ainda há como denunciar anonimamente pelos canais 180, ou site www.naosecale.ms.gov.br, ou site da Polícia Civil pelo pc.ms.gov.br e ainda pelo aplicativo MS Digital, no item Mulher MS.
Outra forma de pedir ajuda é colocar um X vermelho na palma da mão e mostrar a alguém em as farmácias e restaurantes. Essa é uma Campanha Nacional da Associação de Magistrados e Conselho Nacional de Justiça que envolve empreendimentos de todo país e garante o anonimato às mulheres e que também foi implementada em Mato Grosso do Sul por força da Lei 5.703/2021, da deputada Mara Caseiro (PSDB), para incentivar os pedidos de ajuda - saiba mais sobre clicando aqui.
Se informe também pelas Cartilhas “Feminicídio: Quem ama, não mata!” e "Violência contra a Mulher não tem desculpa!". Mato Grosso do Sul ainda dispõe sobre o Programa Recomeçar para apoio às mulheres em situação de violência em tempos de pandemia – veja aqui.