Morris Fabiana e Nathalia Alcântara | 15 de janeiro de 2022 - 08h50

Em ascensão, empreendedoras da Capital superam desafios

Dados apontam que 42% dos empreendimentos do Estado são liderados por mulheres

EMPREENDEDORISMO FEMININO
Empresárias Ana Paula e Gabriella Ramires - (Foto: Arquivo Pessoal)

O empreendedorismo feminino está em ascensão nos últimos anos. Um levantamento, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/MS) e o Instituto de Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecómercio/IPF-MS), mostra que as mulheres sul-mato-grossenses empreendem em primeiro lugar pela possibilidade de renda, em segundo devido a um sonho e em terceiro, para conciliar o trabalho com a família.

Na Capital, não é diferente. A empreendedora e arquiteta, Ana Paula Velazquez, 34, conta que empreender para ela, nunca foi um sonho, e sim uma necessidade.


Ana Paula Velazquez - Foto: Arquivo Pessoal

“Nunca tive essa ideia, empreender para mim foi uma necessidade, de me manter. Trabalho desde os 20 anos no varejo.  Na época da faculdade, minhas colegas me pediram para comprar e vender para elas. Comprei umas peças e na primeira vez que eu cheguei na faculdade com uma malinha de bordo, vendi tudo. E assim foi, comprava e vendia”, explica a empresária.  

Ana atualmente tem sua loja física há quatro anos, a Cora Store, completando cinco em fevereiro. Ela acrescenta que os desafios que teve no início foram importantes para o processo, e que o comércio é uma superação todos os dias. 

“A Cora foi toda pensada por mim, desde o nome, a logo, identidade visual. Foi bem difícil, mas ao mesmo tempo bem gratificante. Cada etapa é um processo que você passa. Quem trabalha com o comércio, é uma superação todos os dias. Eu costumo falar que a conta zera meia noite, e o novo dia é uma nova superação. Não existe estabilidade, existe todo dia um desafio”.

Ela e o marido são sócios, e também é parceira de sua amiga de infância, Carolina Philbois, onde compartilham o mesmo espaço, ideias e confiança. “Hoje é minha única renda e da minha família. Também é a renda da família das meninas que trabalham comigo, essa é a parte que eu acho mais legal de empreender, você poder fazer parte da vida de outras pessoas e ajudá-las a partir do seu projeto”, enfatiza. 


Equipe Cora Store - Foto: Arquivo Pessoal

Com a pandemia da Covid-19, Ana relembra um período difícil. “Me lembro que sentamos numa mesa e começamos a fazer conta para ver quantos meses que íamos conseguir manter as meninas e a loja. Eu peguei tudo que eu tinha de novidade, levei para minha casa e comecei a postar de lá. Acredito que o fomento da rede social ajudou muito o comércio”, relata.


Provador Cora - Foto: Arquivo Pessoal

Segundo pesquisa do Sebrae/MS e Fecómercio/MS, realizada em outubro de 2020, as empreendedoras tiveram uma maior adaptabilidade do que os empresários na pandemia. 

Cerca de 39% das mulheres intensificaram o uso de plataformas on-line para comercializar produtos ou serviços. Além disso, os dados apontaram que 42% dos empreendimentos do Estado são liderados por mulheres. 

Assim como Ana, a publicitária Gabriella Ramires, 25, acredita que a área da publicidade está sendo um grande aliado na pandemia. “Meu negócio surgiu no meio da pandemia, e com clientes que estavam precisando e queriam transformar as mídias sociais. Nesta área de publicidade, mídias e redes sociais, foi o que bombou e o que mais deu certo na pandemia”.


Gabriella Ramires - Foto: Arquivo Pessoal

Gabriella abriu sua agência de forma despretensiosa no meio da pandemia. Ela voltou de São Paulo pouco antes de terminar sua graduação em Publicidade e Propaganda, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

“Em março, quando começou tudo, eu não queria ficar presa no apartamento em São Paulo, eu vivia viajando antes, principalmente nos finais de semana. Fiz minha mala, peguei o carro e vim embora para Campo Grande, cheguei na casa dos meus pais, achei que ia durar pouco e não durou. Eu fui cair na real quando chegou na minha última semana, a que eu apresentava o Trabalho de conclusão de curso (TCC) e acabava”.

A empresária passou a ganhar clientes após uma visita em um Haras, a convite de uma amiga, e foi após sua ida que as portas se abriram. “Uma amiga minha me chamou para conhecer um Haras aqui, fui lá porque sou fotógrafa, é um hobby meu, tirar fotos de cavalos. Me apresentei, e no fim das contas acabei fechando de cuidar das redes sociais do Haras e do pai do dono, que fazia produtos em couro. Fechei meus dois primeiros clientes. Nisso, eu fui falando do meu trabalho, as pessoas foram gostando, o famoso “networking”, e quando vi, estava com cinco clientes cuidando das redes sociais”.


Gabriella no ensaio fotográfico - Foto: Arquivo Pessoal

Hoje, a agência de publicidade é conhecida pelo seu nome, “Gabriella Ramires”. “Estava arrumando muitos clientes e não estava dando mais conta sozinha. Foi aí que eu pensei ‘fiz uma agência’. Não deu nem tempo de pensar em um nome, ficou conhecido pelo meu”.


Quadro com foto feita pela publicitária - Foto: Arquivo Pessoal

Para ambas as empreendedoras, a visibilidade das mulheres à frente de seus negócios é muito importante para o comércio local. 

“A questão da visibilidade, das mulheres à frente de negócios ajudam a crescer a cidade, a melhorar a cabeça das pessoas, ver que as mulheres também têm sucesso no trabalho, e que não tem problema nenhum uma mulher estar a frente de um negócio. Isso mostra que temos capacidade, e que conseguimos sim”, acrescenta Gabriella.

No país não é diferente. Entre os microempreendedores individuais (MEI), as mulheres representam 48% do total. A preferência delas é pelos segmentos de beleza, moda e alimentação. E, de acordo com os dados da Rede de Mulheres Empreendedoras (RME), o número de empresárias aumentou 40% em 2020. De todas as donas de pequenos e médios negócios do país, cerca de 26% abriram suas empresas já durante a pandemia.

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