Campo Grande tem centro de testagem gratuito para doenças sexualmente transmissíveis
O espaço tem desenvolvido um papel importantíssimo na luta contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST's)
VOCÊ SABIA?Poucas pessoas sabem, mas Campo Grande tem o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Capital. Funcionando de segunda a sexta, das 07h às 17h, sem horário de almoço e por demanda espontânea, o espaço recebe mensalmente, mais de 600 pessoas, sendo 400 homens, 200 mulheres e 15 pessoas trans.
O espaço tem desenvolvido um papel importantíssimo na luta contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s), criando um espaço seguro para aqueles que ainda se sentem receosos sobre o assunto e oferecendo testes e acompanhamento médico gratuitamente.
No local é possível ter acesso aos testes rápidos para HIV, sífilis, hepatite B e C e todo o atendimento demora, em média, 30 minutos. Dividido em cadastro, onde é necessário portar documento com foto e cartão dos SUS; triagem, para entender os níveis de exposição a doença; teste sanguíneo e aconselhamento, para sanar dúvidas, tanto do procedimento quanto das práticas sexuais.
Para testagens positivas para HIV, são oferecidos um segundo teste rápido, de outro fabricante, uma quantificação de carga viral e do sistema imunológico, desenvolvido pelo projeto A Hora é Agora, que disponibiliza os resultados em 1h30, e a iniciação imediata do tratamento e acompanhamento médico.
O médico clínico do CTA, Roberto Braz, conta como é essencial o atendimento humanizado nessas situações. "Independente do resultado ou da reação, o mais importante é conseguirmos criar um vínculo com esta pessoa. Fazer com que ela se sinta acolhida e aconselhada. Tendo todas as informações que desejar no momento e tendo o tempo dela de aceitar tudo. Porque é muito importante que ela deseje o tratamento, que confie na unidade e se foque em manter a saúde preservada sempre”, explica.
No caso do HIV, ainda há o tabu dos anos 80, onde havia uma sentença de morte para pessoas com doença. Hoje, o tratamento para incubação do vírus é eficaz, sendo estruturado por meio do perfil do paciente. O teste de quantificação de carga viral e sistema imunológico, indicará quanto de medicamentos e cuidados, o portador terá que tomar, até que a doença deixe de ser transmissível.
Braz reforça que o sistema de saúde está preparado para combater o HIV. “Muitos choram, se desesperam, ficam em choque ou negação, exigindo outro teste, me questionam quanto tempo de vida resta, e eu sempre respondo que resta todo tempo possível, desde que a pessoa aceite ficar com a gente. Hoje em dia, se você trata e faz o uso dos medicamentos regularmente é mais fácil morrer atropelado, atravessando uma rua, do que morrer pelo HIV”, brinca.
As pessoas não reagentes para as quatro doenças testadas, podem solicitar a PreP, medicamento de pré-exposição, que funciona como um anticoncepcional para o HIV. Tomando um comprimido todo os dias, de forma contínua, a pessoa diminuir suas chances de contaminação em um sexo sem proteção. Para ter acesso, os interessados precisam realizar os testes rápidos a cada 3 meses e informar sempre que desejam continuar o tratamento, para receber mais 90 comprimidos.
Pessoas que possuem suspeitas de contágio do vírus, podem solicitar a PeP, medicamento de pós-exposição, que servirá como uma pílula do dia seguinte, e deve ser iniciado em até 72hrs, após uma relação desprotegida, tomando dois comprimidos durante 28 dias corridos.
É importante retornar ao CTA ou Unidade Básica de Saúde (UBS), após 30 dias do início PeP, por causa da janela imunológica, espaço de um mês, onde os vírus não são detectados no sangue. Ambos tratamentos não são comercializados e só podem ser disponibilizados nos órgãos de saúde governamentais.
Esses espaços como estes, sempre deixam a disposição a prevenção combinada, umas das novas estratégias do Ministério da Saúde, que consiste na combinação de dois ou mais métodos de contracepção de doenças, como camisinhas (feminina, masculina, adolencente e adulto) e o lubrificante, que diminui o atrito.
O médico destaca que a testagem rápida deve ser um procedimento de rotina. “O recomendável é que haja um retorno anual, para pessoas com parceiros fixos e semestral, para aqueles que possuem mais de um parceiro. Vale lembrar também que caso a pessoa tenha uma vida sexual muito ativa e acha que precisa de mais testes anuais, ela pode se encaminhar a um CTA ou UBS”, explica.
Outra preocupação do Centro de Testagem e Aconselhamento de Campo Grande, é o apoio aos profissionais do sexo. Grupo, que em determinados espaços não se sentem acolhidos e respeitados. Pensando nisso, através de projetos, é disponibilizado exames e tratamento do HPV, Preventivo e outros acompanhamentos que essa categoria possa precisar.
Os próprios médicos do local saem em busca dos profissionais. Passando nas casa noturnas e deixando um convite para a ida até o CTA. Caso não sejam atendidos, o convite é deixado no correio ou portão. O foco do projeto é trazer estas pessoas para a rede de apoio que o CTA criou. Valorizando a troca de confiança, respeito e empatia.