Da Redação | 31 de agosto de 2021 - 08h50

Armamento usado para 'cangaço' em Araçatuba pode ter passado por MS

No áudio, eram sessenta fuzis no total, dois deles calibre 50, capazes de derrubar aeronaves, que seriam trazidos até o interior de MS por helicóptero

INVESTIGAÇÃO
Pessoas foram feitas de reféns - (Foto: Reprodução)

A madrugada de ontem (30) foi intensa para moradores de Araçatuba (SP). Uma quadrilha fortemente armada realizou ataques a bancos no município, deixando três mortos e cinco feridos. Além disso, dinamites e explosivos foram deixados em diversos pontos da cidade. Mas segundo informações divulgadas na noite de ontem pela Revista Piauí, no último dia 25, dois integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) de Mato Grosso do Sul conversaram por celular sobre um grande carregamento de armas que a facção criminosa pretendia trazer do Paraguai para o Brasil por aqueles dias.

No áudio, eram sessenta fuzis no total, dois deles calibre 50, capazes de derrubar aeronaves, que seriam trazidos até o interior de MS por helicóptero. O diálogo foi captado pelo setor de inteligência da Polícia Federal, que não conseguiu apreender a aeronave.

A Polícia Federal, Ministério Público do Estado de São Paulo e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) suspeitam que esse arsenal foi utilizado no mega-assalto, quando pelo menos trinta assaltantes cercaram a cidade, explodiram duas agências bancárias da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, fizeram reféns (quatro deles foram amarrados sobre os capôs dos veículos dos criminosos durante a fuga) e conseguiram fugir, deixando para trás, na área central da cidade, 40 bombas em  dezessete pontos da cidade, fabricadas com dinamite e acionadas por celular ou sensor de proximidade e um drone utilizado para acompanhar a movimentação da polícia.

Foi uma ação que chocou a população não só pelo poderio do arsenal utilizado, mas também pelo fato de o ataque ter ocorrido em uma cidade onde existe um BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), o equivalente, no interior do estado, à Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na capital. Três pessoas morreram e três estão internadas em estado grave – uma delas, um rapaz de 25 anos que andava de bicicleta no Centro teve as duas pernas amputadas após a detonação de um dos explosivos. 

Já se sabe que o assalto teve envolvimento direto de integrantes do PCC. Um dos três mortos era Jorge Carlos de Mello, 38, preso pela primeira vez em Diadema, na Grande São Paulo, por tráfico de drogas e posse de três bananas de dinamite, escondidas em sua casa, em 2001. Entre idas e vindas da cadeia, Mello seria ainda condenado outras três vezes por homicídio e roubo. Em 2012, tentou fugir da cadeia, sem sucesso. Passou por pelo menos três penitenciárias do interior paulista, a última delas em Mirandópolis, conhecido reduto do PCC. Mello deixou a cadeia pela porta da frente em março de 2017.

O portal A Crítica, trouxe ontem que o ataque está deixando os municípios de Mato Grosso do Sul que fazem divisa com a cidade em estado de alerta. O cangaço fez com que a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os policiais de Três Lagoas reforçassem o policiamento pelo receio da chegada dos criminosos no Estado.