Da Redação | 14 de agosto de 2021 - 09h35

Fundador do grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade morre aos 77 anos

O velório acontecerá neste sábado no Cemitério do Morumbi a partir das 14h30, seguido do sepultamento às 17h30

FALECIMENTO
Carlos Alberto Oliveira Andrade, presidente e fundador da Caoa - (Foto: RAHEL PATRASSO/REUTERS - 3/9/2019)

Morreu na manhã deste sábado, 14, o médico brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador do grupo automobilístico Caoa, aos 77 anos. 

“É com profundo pesar que informamos o falecimento de nosso fundador e presidente do conselho, Dr Carlos Alberto de Oliveira Andrade, na manhã de hoje. Dr Carlos estava com a saúde debilitada por conta de um tratamento de saúde e faleceu durante o sono ao lado de sua esposa e filhos.”, afirmou a diretoria do grupo Caoa em nota.

"Dr. Carlos foi médico e um empreendedor magistral, tendo atraído importantes marcas para o portfólio da Caoa, como a Ford, a Hyundai, a Caoa Chery e a Subaru, tendo se tornado um ícone para a indústria automobilística brasileira."

Formado em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, o paraibano era conhecido como bom negociador. Vindo de uma família de 17 irmãos, trabalhava como cirurgião quando comprou, em 1979, um Ford Landau em uma concessionária da marca em Campina Grande (PB). A revenda quebrou, e Carlos Alberto a comprou barato, como forma de compensar a perda do dinheiro pago pelo carro. Fundou ali a Caoa, usando as iniciais do seu nome, e logo obteve a fama do doutor que fazia qualquer negócio. 

O empresário aceitava como pagamento de carros usados a terrenos e cabeças de gado, passando por estoques de tijolos. Às vezes, perdia dinheiro, mas o importante era fechar o negócio, segundo o perfil oficial do empresário.

A fama fez com que compradores viessem de toda a região, até mesmo de João Pessoa e Natal, para Campina Grande. Não demorou para que a Ford oferecesse a ele a principal concessionária do Recife (PE) e, pouco tempo depois, algumas de São Paulo. Em menos de seis anos, Caoa se tornou o maior revendedor Ford do Brasil, ainda nos anos 1980. 

Com a abertura do mercado automobilístico nos anos 1990, a Caoa passou a importar e revender no País carros da montadora francesa Renault, que não ainda tinha produção local na época. Mais tarde, a Caoa também se tornou a revendedora oficial no País da montadora japonesa Subaru, dando início a uma forte expansão do grupo. Em seguida, o grupo passou a representar também a montadora sul-coreana Hyundai, que teve êxito no mercado com a venda da SUV Tucson. 

Com a evolução das marcas no mercado automobilístico, o empresário passou a produzir no País os carros da Hyundai. Em 2007, investiu R$ 1,2 bilhão na Caoa Montadora de Veículos, em Anápolis (GO). Dez anos depois, pagou US$ 60 milhões pelo controle da Chery no Brasil, que se tornou Caoa Chery. 

Carlos Alberto de Oliveira Andrade afastou-se do comando da empresa em 2013, quando Antônio Maciel Neto, que havia sido presidente da Ford, assumiu o grupo. O empresário foi para a presidência do conselho. Em 2017, houve nova troca na presidência, com Mauro Correia assumindo o comando do grupo. 

Quando o grupo Caoa completou 40 anos, em maio de 2019, o empresário publicou um depoimento afirmando que a empresa começava um novo ciclo, ao assumir a controle da marca Chery no Brasil. "Comecei do nada, e a Caoa chegou onde chegou com a Ford, depois a Subaru e, mais recentemente, com a Hyundai", afirmou. "Todos aqueles que estão ligados ao grupo Caoa sabem que não só vencemos, mas também crescemos."

Segundo a empresa, o grupo continuará a ser gerido pelos atuais executivos. "A empresa,  de acordo com o plano de sucessão e governança, continua a ser gerida por seus atuais executivos, que lamentam o falecimento de seu fundador e se solidarizam com a família neste momento", disse a diretoria do grupo Caoa em nota.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, lamentou a morte do empreendedor. "Perdemos hoje um grande brasileiro, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, empresário com notável espírito empreendedor, inquieto e que nunca se furtou a enfrentar novos desafios. Deixa como legado uma valiosa contribuição ao país pelo exemplo de sua bem sucedida trajetória empresarial e os milhões de empregos que gerou ao longo da vida. Meus mais profundos sentimentos à família e aos amigos", afirmou. 

Marconi Perillo, ex-governador de Goiás - Estado onde está localizada uma das fábricas da Caoa -, também ressaltou a trajetória do empresário "Carlos Aberto também desenvolveu o mais importante o mais moderno e equipado laboratório de testes de automóveis do Brasil. Nossa profunda solidariedade e apoio à família, esposa, filhos e a todos os colaboradores do grupo Caoa em Goiás e no Brasil", disse ele em mensagem publicada nas redes sociais. 

O velório acontecerá neste sábado no Cemitério do Morumbi a partir das 14h30, seguido do sepultamento às 17h30. / COLABOROU CRISTIANE BARBIERI