Capitais têm atos pró-voto impresso neste domingo; Bolsonaro volta a ameaçar eleições
Manifestações ocorreram ou estão em andamento em ao menos 20 capitais e em Brasília
ATOS PRÓ-BOLSONAROA base mais fiel do presidente Jair Blsonaro volta às ruas neste domingo, 1º, em atos em Brasília e pelo menos 20 capitais do País em defesa do voto impresso nas eleições de 2022. Mesmo após sucessivas e frustradas tentativas do chefe do Executivo de acusar fraudes no atual sistema eleitoral, que culminaram em uma live de duas horas com falas baseadas em fake news e análises enviesadas, bolsonaristas buscam mostrar apoio à pauta — que já é considerada "enterrada no Congresso"— com atos espalhados pelo País. O presidente não compareceu fisicamente às manifestações, mas falou com apoiadores por telefone, em mensagens transmitidas pelo sistema de som.
Em suas redes sociais, Bolsonaro divulgou um vídeo de uma das falas, transmitidas nos atos em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Na capital federal, ele voltou a repetir a ameaça de que sem eleições "limpas e democráticas", "não haverá eleição".
Até meados desta tarde, há registro de manifestações pró-governo também em Vitória, Salvador, Recife, Maceió, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Manaus, São Luís, Belém, Boa Vista, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Cuiabá, Campo Grande e Goiânia. A contagem foi feita com base em registros nas redes sociais e em veículos de imprensa locais.
As manifestações deste domingo também são uma resposta à sequência de protestos organizados por partidos e centrais sindicais em oposição a Bolsonaro e pelo impeachment do chefe do Executivo; a última mobilização ocorreu na semana passada. Do lado favorável ao presidente, os atos têm sido as motociatas, passeios com motociclistas liderados pelo presidente da República. A última aconteceu ontem em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.
Em discurso realizado ao final do ato de sábado, 31, como de costume, Bolsonaro voltou a defender mudanças no sistema eleitoral e disse que não aceitará “farsa” no pleito do ano que vem. Ao lado do palanque onde discursou havia um painel com a frase: “Exigimos: voto impresso auditável”.
A ideia do voto impresso é uma bandeira do bolsonarismo que está materializada na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF). A proposta está em comissão especial da Câmara, que retomará os trabalhos na próxima semana, após o recesso parlamentar. A tendência é que PEC seja derrotada.
O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), disse que o voto impresso não tem apoio para chegar ao plenário da Casa. A afirmação foi feita um dia depois de o presidente Bolsonaro defender, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, mudança no sistema de urna eletrônica, apesar de ter admitido não ter provas de fraude nas eleições, como vinha dizendo desde março do ano passado.
Bolsonaro tenta jogar dúvidas sobre o atual sistema de votação eletrônico, dizendo que é possível fraudá-lo e que não permite recontagem, o que não é verdade.
Recentemente, o Bolsonaro subiu o tom em defesa do tema e chegou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, chamando-o de “imbecil” e de “idiota”. Bolsonaro já chegou a admitir que a proposta não tem apoio para aprovação. Especialistas também ressaltam o longo histórico de fraudes do sistema de voto impresso.
Conforme revelado pelo Estadão, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, mandou um recado ao presidente da Câmara, por meio de um interlocutor político, em que condicionava as eleições de 2022 à adoção do voto impresso.