Alvorada tem manhã sem apoiadores de Bolsonaro; governo diz que viagem justifica
Um dos pilares da campanha presidencial que elegeu Bolsonaro, o discurso anticorrupção da base orgânica do governo tem sido minado por denúncias de corrupção
EM BRASÍLIAO presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não fez sua tradicional parada na saída do Palácio da Alvorada para conversar com apoiadores. O motivo: não havia ninguém no local onde ele costuma interagir com simpatizantes. De acordo com relatos de fotógrafos que cobrem diariamente as atividades do chefe do Executivo, o número de presentes ao chamado "cercadinho" tem se reduzido desde o último fim de semana, coincidindo com o aumento das denúncias de irregularidades de compras de vacina pelo governo federal.
Segundo a Secretaria de Comunicação do Planalto (Secom), o presidente não fala com apoiadores quando tem viagens no período da manhã, como a de hoje, para Ponta Porã (MS), onde participou de cerimônia inauguração na Aeronáutica. A saída de Brasília ocorreu às 9h30, de acordo com a Agenda Oficial.
No entanto, Bolsonaro atendeu apoiadores, por exemplo, na manhã do último dia 18, quando compareceu à cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural em Marabá (PA), evento que ocorreu no mesmo horário. A comitiva partiu um pouco mais cedo, às 9h daquele dia. Confrontada com a informação, a Secom ainda não se manifestou oficialmente.
Um dos pilares da campanha presidencial que elegeu Bolsonaro, o discurso anticorrupção da base orgânica do governo tem sido minado por denúncias de corrupção. Segundo reportagem publicada ontem pela Folha, que teve acesso a troca de e-mails, o governo pediu pagamento de propina de US$ 1 por dose de vacina para assinar contrato de aquisição de imunizantes com a empresa Davati Medical Supply.
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que vai convocar Luiz Paulo Dominguetti, autor da denúncia, para depor na comissão. Este caso se soma à acusação do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) de que o presidente teria ignorado alertas para irregularidades no contrato de compra da vacina indiana Covaxin.