Conservadores devem vencer eleição regional na França; extrema direita não decola
A ultradireita francesa de Marine Le Pen não deve vencer em nenhuma das seis regiões, de um total de 13, em que era apontada como favorita
NA FRANÇAO partido Republicanos, de direita e oposição ao presidente francês, Emmanuel Macron, deve ser o grande vencedor do primeiro turno das eleições regionais disputadas neste domingo, 20, segundo pesquisas de boca de urna. A ultradireita francesa de Marine Le Pen não deve vencer em nenhuma das seis regiões, de um total de 13, em que era apontada como favorita. O partido presidencial, República em Marcha (LREM), também teve um desempenho ruim e terá poucas chances de conquistar alguma região no segundo turno, marcado para o domingo que vem.
Conforme as sondagens, o Republicanos deve obter 29% dos votos, à frente da extrema direita (18,5%) e dos socialistas (18%). Apesar da fraca votação, o vice-presidente do partido de ultradireita Reunificação Nacional, Jordan Bardella, afirmou que "uma virada é possível" no segundo turno.
Com quatro anos de existência, o partido de Macron não conseguiu se impor regionalmente, mas pode ser decisivo até o segundo turno para impedir a ascensão da ultradireita. "Foi difícil", reconheceu o porta-voz do governo, Gabriel Attal. "Não vou fazer rodeios. É claro que estamos desapontados com esse resultado", disse o chefe do partido presidencial, Stanislas Guerini, à rádio RTL. O LREM deve obter por volta de 15% dos votos.
Os verdes (EELV), que tiveram um bom desempenho nas eleições municipais de 2020, não devem repetir a dose e devem ficar com 12% dos votos.
Só os partidos que obtiverem mais de 10% dos votos avançam para o segundo turno decisivo.
A votação foi marcada por uma abstenção recorde de mais de 66%, de acordo com pesquisas. "O baixo comparecimento é particularmente preocupante", declarou o ministro do Interior, Gérald Darmanin.
As campanhas das eleições para a liderança das 13 regiões da França têm como prioridade o debate sobre questões locais como transporte, qualidade das escolas e infraestrutura. No entanto, os políticos usaram a disputa como uma plataforma para testar ideias e ganhar seguidores antes da eleição presidencial de abril de 2022, que deve ter Le Pen e Macron como os principais nomes.
Nacionalização do debate desistimula eleitores
A nacionalização do debate frustrou alguns eleitores. "A eleição presidencial é um mundo a parte", disse o consultor em tecnologia Patrice Grignoux, de 62 anos, que votou em Paris. "Quando você pega a Bretanha ou a região de Paris, elas são totalmente diferentes. O norte também é completamente diferente. Existem questões que você encontra em nível regional, mas não têm nada a ver com questões nacionais."
As eleições regionais tinham sido adiadas por causa ao aumento dos casos de covid-19. À medida que as infecções diminuíram e as vacinas se espalharam, o governo francês recentemente reabriu restaurantes, lojas e permitiu viagens locais. As autoridades decidiram cancelar um toque de recolher impopular desde o sábado - bem a tempo para a disputa.
Muitas seções eleitorais ficaram praticamente vazias, como em muitas escolas de Marselha, na costa do Mediterrâneo, e Le Touquet, no Canal da Mancha. Quem resolveu votar tinha de ficar de máscara, manter o distanciamento dos demais eleitores e levar sua própria caneta para assinar os registros de voto.
Há seis anos, a direita e o centro conquistaram sete regiões e os socialistas cinco. Desde então, essas grandes forças políticas perderam apoio.