Da Redação | 13 de maio de 2021 - 09h30

Em 25 anos, MS registra quase 3 mil pessoas resgatadas de trabalho considerado escravo

Destacam-se os setores econômicos mais frequentemente envolvidos nos resgates: cultivo de cana-de-açúcar (2.003 trabalhadores)

ÁREA RURAL
Muitos trabalhadores estavam vivendo em extrema miséria - (Foto: Divulgação)

De 1995 a 2020, 2.835 pessoas foram resgatadas de trabalho considerado escravo em zonas rurais de Mato Grosso do Sul. Uma média de 109 resgatados por ano. As informações foram divulgadas pelo Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta terça-feira (12). Em Campo Grande foi realizada uma média de 1,5 resgates de trabalhadores por ano entre 1995 e 2020, 40 no total.

Destes, 56% declararam-se como indígenas, 20% como brancos, 15% como pardos, 6% amarelas e 3% como pretos. Quanto ao grau de escolaridade, 62% eram analfabetos. Predomina entre estas pessoas o gênero masculino, a maior parte delas na faixa etária dos 18 aos 24 anos. No entanto, cerca de 2,5% são crianças ou adolescentes, o que evidencia também algumas das piores formas de trabalho infantil.

Brasilândia, a 364 km de Campo Grande,  foi o município com que registrou o maior índice de resgatados com 1.011 resgates de 1995 a 2020 - uma média de 38,9 por ano - situação que coloca a cidade no topo do ranking de pessoas flagradas em condições degradantes de trabalho no estado.

Não houve resgates de trabalhadores que fossem naturais do município, e apenas dois deles declararam residir ali, demonstrando que a mão-de-obra é aliciada em outras regiões para laborar de maneira ilícita em fazendas da cidade.

Além de Brasilândia, chama atenção o número de resgates no município de Iguatemi (624, de 1995 a 2020) e Naviraí, que registrou 368 resgates no período. 

Destacam-se os setores econômicos mais frequentemente envolvidos nos resgates: cultivo de cana-de-açúcar (2.003 trabalhadores), produção florestal (237) e criação de bovinos (193), informações que permitem identificar riscos específicos existentes em determinadas atividades e cadeias produtivas.