Professora e diretora de um estúdio de dança, Fernanda Gutierrez, não brilha só nos palcos de dança, mas também na vida de muitos recém-nascidos. A mamãe de primeira viagem ficou motivada em fazer doações de leite após o conselho de uma amiga pediatra, que destacou da importância do leite materno na vida de qualquer criança.

“Minha amiga é médica pediatra do Hospital Universitário. Ela me falou o quanto cada ‘gotinha’ faz a diferença na vida de uma criança. Eu fiquei bem comovida e comecei a fazer a extração da bomba elétrica que eu tenho”, relembra Fernanda.

A diretora do Estúdio Pantanal em Dança contou que, na primeira vez conseguiu apenas 10 ml de leite. “Imaginei que era pouquinho, mas essa amiga me falou que a quantia já alimentava uma criança. Com o passar do tempo aumentou a quantidade de leite extraído, e consegui até 300 ml de apenas um lado do peito. Em um semana foram dois litros, e isso me estimulou a alimentar mais crianças”, comemora.

Fernanda conseguiu extrair dois litros de leite em uma semana

A nutricionista responsável pelo Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HUMAP-UFMS), Camila Pacheco, explica os benefícios do alimento materno. “Além do contato maior entre mãe e filho, melhora a digestão, minimizando as cólicas do infante. Isso acontece porque o leite materno é feito numa perfeição onde todos os nutrientes são absorvidos de uma maneira mais simples do que a fórmula fabricada”, esclarece. 

Além do insumo alimentar, o leite materno colabora na inteligência, o risco do desenvolvimento de alergias e as chances de obesidade na infância e adolescência são minimizados, além de contribuir para o desenvolvimento da arcada dentária e para a prevenção de doenças contagiosas.

Recentemente uma pesquisa do "The Journal of the American Medical Association (JAMA)”, divulgou que dois anticorpos específicos contra o novo coronavírus (IgA e o IgG) foram identificados no leite materno produzido por mulheres que receberam a vacina. Os pesquisadores avaliam que o leite materno pode ser uma fonte de anticorpos contra a Covid-19 para os recém-nascidos, embora essa conclusão dependa de novos estudos específicos. 

Mas apesar de todo o benefício, os BLHs dos hospitais de Campo Grande estão apresentando baixos níveis em estoque e altas demandas de atendimento. A nutricionista relata que a atual fase da pandemia prejudicou a doação desse produto. “No começo, como tudo foi fechado e as pessoas começaram a fazer home office, todas as mães que amamentavam se sentiram incentivadas a tirar o leite, o que aumentou o estoque na época. Após o retorno ao trabalho, diminuiu”, conta.  Atualmente, o HU/CG conta com leite para 11 dias. Apesar de baixo, não foi o menor nível até o momento. 

“Eu sinto muito orgulho em poder contribuir com a vida de muitas crianças. Coloco-me no lugar dessas mães. Ficaria desesperada, por isso faço tudo com muito amor ”, diz a doadora.

Hoje em dia, a filha de Fernanda possui um mês e meio, e sua produção está em equilíbrio, porém, deixa um recado para as mulheres que querem iniciar as doações. “Procurem qualquer Banco de Leite na sua cidade, pelo Google pode ser encontrado. É um serviço muito simples, gratuito e não custa nada de nós, mães”, pede.

Dia Internacional de Doação de Leite Humano – A data comemorativa foi instituída em 2015, a fim de não só estimular a doação de leite materno, mas também promover debates sobre a importância do aleitamento e da contribuição com esse insumo e divulgar bancos de leite humano nos estados e municípios brasileiros.  

Pontos de doação – No HUMAP, o cadastro para contribuições pode ser realizado pelo telefone (67) 3345-3027 ou pelo WhatsApp (67) 99154-2730, com coletas em casa. 

Na Maternidade Cândido Mariano, as interessadas podem se cadastrar pelo número (67) 3041-4735 ou WhatsApp (67) 99830-9974.

A Santa Casa também aceita contribuições. Para ajudar, basta ligar para o (67) 3322-4174. O Banco de Leite da Unidade, Irmã Maria José Machado, funciona 24 horas por dia.

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