Coordenador da Lava Jato Rio assumirá grupo anticrime organizado
Eduardo El Hage foi eleito pelos seus pares para comandar o Gaeco do Ministério Público Federal do Rio e ficará responsável por definir integrantes da equipe que assumirá os trabalhos da Lava Jato fluminense
POLÍTICAO procurador Eduardo El Hage, coordenador da Lava Jato Rio, foi eleito na noite desta sexta, 12, para a coordenação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organização (Gaeco) do Ministério Público Federal fluminense, que vai incorporar a força-tarefa no final de março.
Atualmente composta por 11 integrantes, a Lava Jato Rio seguirá o caminho da sua irmã mais velha de Curitiba e deixará de existir formalmente a partir do dia 31 de março.
Hoje os procuradores estão em um período de transição concedido pelo procurador-geral da República Augusto Aras no final de janeiro. A ideia é que até o fim do mês que vem, os membros da força-tarefa atuem nas investigações da Lava Jato e também participem de uma comissão provisória pensada para dirigir a instalação do Gaeco.
Eleito coordenador do grupo anticorrupção, caberá a El Hage definir os integrantes da nova equipe, que deverá ser composta por no mínimo nove integrantes.
Referência no combate ao crime organizado nos Ministérios Públicos estaduais, os Gaecos começaram a ser implementados a nível federal no ano passado quase sete anos após o Conselho Superior do Ministério Público aprovar uma resolução abrindo caminho para a adoção do modelo. Desde então, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pará e Amazonas ganharam equipes permanentes.
Em Curitiba, berço da Lava Jato, a força-tarefa paranaense foi formalmente extinta no dia 1º e apenas quatro de seus integrantes foram alocados no Gaeco, com mandatos até agosto de 2022. O grupo é composto por mais cinco procuradores.
A institucionalização dos Gaecos traduz a meta encampada por Aras de redesenhar o Ministério Público Federal. A remodelação da instituição gerou desgaste com as forças-tarefas e com membros do próprio Conselho Superior. A cúpula do MPF vinha discutindo a possibilidade de reunião dos grupos de trabalho sob comando único sediado em Brasília. O projeto criaria a Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Unac), subordinada a Aras, para atuar no combate à corrupção, a atos de improbidade administrativa e ao crime organizado.
Com a resistência dos investigadores, que veem risco de perda de autonomia com a unificação, a ampliação dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado como estratégia para absorver as forças-tarefas e abarcar as investigações de combate à corrupção ganhou força. A ressalva agora é sobre a capacidade estrutural dos grupos para tocar inquéritos mais complexos.