20 de janeiro de 2021 - 05h00

Euclides: Os Sertões é marco do jornalismo

Relato de Euclides da Cunha contrapôs versão de jornais da época

LIVRO
O livro Os Sertões, de Euclides da Cunha foi publicado pela primeira vez em 1902 - (Foto: Acervo Museu da República/Instituto Brasileiro de Museus/Ministério de Turismo)

O livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, publicado, pela primeira vez em 1902, é considerado um marco também para o jornalismo brasileiro (e não apenas para a literatura). Um dos méritos, além da inovação dos caminhos narrativos para história de não-ficção, foi se contrapor a notícias falsas que eram publicadas em jornais da Região Sudeste sobre a Guerra de Canudos. Havia uma ideia que corria pelos veículos e pela opinião pública que a revolta dos sertanejos, na verdade, era uma tentativa de restabelecer a monarquia na década seguinte da proclamação da República.

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A professora Walnice Galvão, docente emérita da USP, investigou os discursos dos jornais da época no livro No Calor da Hora. Estas versões, inclusive, trouxeram uma ideia equivocada para o próprio Euclides da Cunha. “Eu percebi, com clareza, como a mídia jornal influenciou o país. Convenceram a opinião pública brasileira que Canudos era uma conspiração restauradora da monarquia, e todo mundo acreditou. Essas notícias falsas estavam nos editoriais, reportagens e até nas caricaturas”, diz, lembrando que os jornais, em tempos sem rádio ou TV, faziam o serviço principal de comunicação.

Uma casa de jagunço. Coleção Flávio de Barros/Guerra de Canudos - Acervo Museu da República / Instituto Brasileiro de Museus / Ministério do TurismoCadáveres nas ruínas de Canudos. Coleção Flávio de Barros/Guerra de Canudos - Acervo Museu da República / Instituto Brasileiro de Museus / Ministério do Turismo