IPO da rede d'or pode movimentar R$ 12,6 bi e ser o segundo maior do país
ECONOMIAA Rede D'Or, uma das maiores empresas de saúde do País, anunciou nesta terça, 17, sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), que pode vir a ser a segunda maior abertura de capital do mercado brasileiro. Considerando que todos os lotes sejam comprados no teto da faixa de preço estimada para os papéis, a operação pode movimentar até R$ 12,65 bilhões, superando o IPO de BB Seguridade (feito em 2013, de R$ 11,4 bilhões) e ficando atrás apenas da listagem do Santander Brasil, que levantou R$ 13,2 bilhões em 2009.
O objetivo do grupo, dono das marcas Rede D'Or e São Luiz, é seguir a trajetória de aquisições, que já somam 37 operações ao longo dos últimos anos. A faixa indicativa de preço para as ações vai do piso de R$ 48,91 ao teto de R$ 64,35 por papel. A oferta deve ser feita no início de dezembro.
A Rede D'Or pode também chegar à Bolsa com o maior valor de mercado (R$112,4 bilhões) entre as empresas da área de saúde com ações negociadas na B3. As empresas de planos de saúde Notre Dame Intermédica e Hapvida estão avaliadas em R$ 43 bilhões e R$ 50 bilhões, respectivamente. Já a Qualicorp, administradora de planos de saúde, vale hoje R$ 9,7 bilhões.
O apetite do investidor reflete os investimentos que o setor de saúde tem recebido nos últimos anos. Durante os anos de crise, desde 2014, fundos de investimento têm gravitado para a área, considerada uma "aposta segura" em tempos difíceis. A presença de empresas de diferentes áreas da saúde no índice Ibovespa (o principal do mercado brasileiro) é forte. Além de Intermédica, Hapvida e Qualicorp, fazem parte do Ibovespa Sulamérica (planos de saúde), Raia Drogasil (rede de farmácias), Hypera (fabricante de medicamentos) e Fleury (laboratórios).
Líder de setor
Fundada pelo cardiologista Jorge Moll Filho, a Rede D'Or já é a maior cadeia independente de hospitais privados do Brasil, com 51 unidades próprias, uma sob administração e 32 projetos em desenvolvimento distribuídos em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Maranhão, Paraná e Ceará e no Distrito Federal. O grupo tem como prioridade o segmento de clínicas oncológicas, na qual tem a segunda maior rede, com 39 unidades. Também tem uma parcela grande de seus negócios em laboratórios de análises clínicas e de imagem.
Entre 2009 e 2019, a empresa viu sua geração de caixa - medida pelo lucro antes de juro, imposto, depreciação e amortização (Ebtida) - subir 42% e chegar a R$ 3,68 bilhões. As receitas líquidas somaram R$ 13,3 bilhões no ano passado e chegaram a R$ 9,86 bilhões, nos nove primeiros meses deste ano.
A família Moll é detentora de uma participação de 57,37% das ações ordinárias, que deve cair para 53% após a oferta. Em outras palavras, a família deve seguir no controle. Dos 38% que estão em circulação no mercado, o fundo soberano GIC detém 25,93%. O fundo americano Carlyle também é sócio da companhia.
Planos
A Rede D'Or informa no prospecto da oferta inicial que, considerando a oferta primária (cujos recursos são direcionados ao caixa da empresa), espera levantar R$ 8 bilhões, livre de custos e a partir do preço centro da oferta, de R$ 56,63 por ação.
Com metade do montante, a empresa de saúde quer colocar mais hospitais e clínicas oncológicas em sua rede. Também pretende buscar ativos no segmento de corretoras de saúde. Uma possibilidade, segundo fontes, é que parte dos recursos sejam direcionados para aumentar sua participação da Qualicorp.
Com os outros R$ 4 bilhões, a Rede D'Or quer dar continuidade à construção de hospitais, desde o chão ou a partir de estruturas em andamento, e expandir a rede já existente.
A oferta no Brasil é coordenada pelo Bank America Merrill Lynch, Banco BTG Pactual, Banco JP Morgan, Bradesco BBI, da XP Investimentos, BB - Banco de Investimento (BBI), Citigroup Global Markets Brasil, Credit Suisse, Safra e Santander.
A estrutura da operação será composta por uma oferta de um total de até 196.664 milhões de ações, incluindo os lotes suplementar e adicional, que serão emitidos exclusivamente para a oferta secundária de 50.987 milhões de ações, caso algum dos atuais acionistas desejam vender sua participação. Ou seja, a oferta primária soma 145.677.487 ações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.