Escolas particulares retomam aulas da educação infantil, mas volta na rede pública ainda é incógnita
Ainda não se sabe quando as aulas na rede pública vai retornar de forma presencial
VOLTA OU NÃO?Liberar ou não os filhos para a volta as aulas presenciais? O dilema que tirou o sono de muitos pais, já começou a ser vencido no início da semana passada com o retorno, após seis meses, de alunos de 54 escolas particulares de Campo Grande.
As instituições de ensino só puderam voltar a funcionar presencialmente após assinarem termos de compromisso e adotarem planos de biossegurança. E mais apenas a Educação Infantil foi autorizada a retornar. Os estudantes do ensino fundamental e médio ainda aguardam definições que devem ocorrer no final do mês para uma possível volta em outubro.
O retorno é opcional, uma prerrogativa dos responsáveis pelas crianças e a adesão não foi muito grande neste primeiro dia.
"Foi um retorno tranquilo, sem problemas, não houveram incidentes. Percebemos que as crianças estavam ansiosas e ficaram felizes com a volta. Acreditamos que o número de estudantes nas escolas vai crescer nos próximos dias a medida que a confiança aumenta", afirmou a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso do Sul (Sinepe/MS), Maria da Glória Paim.
Para retornarem as escolas assinaram termos de compromisso com a prefeitura para obedecer um plano de contenção de riscos, com regras específicas de biossegurança, como lotação máxima de 30% da capacidade do estabelecimento, distância de um metro e meio entre os alunos em sala de aula e horário escalonado de entrada e saída para evitar aglomeração. Também precisa ser aferida a temperatura de todos que tem acesso aos locais.
Rede pública
Suspensas pela pandemia do novo coronavírus, as aulas presenciais na rede estadual de ensino tem sugestão de retorno somente a partir de outubro. A questão é discutida pela Comissão Estadual Provisória de Volta às Aulas, que foi criada em 6 de agosto e faz reuniões virtuais.
Segundo a secretária estadual de Educação, Cecilia Motta, todas as decisões são baseadas nos boletins epidemiológicos que avaliam a evolução da doença em Mato Grosso do Sul.
A comissão é composta por 19 membros titulares e conta com a participação de representantes de diversos setores, além da orientação do Instituto Articule, responsável pelo mesmo trabalho em outros Estados, como Rondônia e Goiás.
A rede estadual de ensino tem 210 mil estudantes matriculados nas 345 unidades escolares.
A SED (Secretaria de Estado de Saúde) afirma que protocolos estão sendo elaborados e a volta às aulas presenciais só depende do cenário da pandemia em MS.
A secretária afirma que é possível que as aulas retornem ainda neste ano, porém é necessário aguardar o posicionamento do programa Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia). "A volta vai depender da pandemia, vários estados estão voltando e a pandemia está estabilizando, mas é necessário aguardar o posicionamento do Prosseguir", diz a secretária.
O programa promete recomendações para manutenção ou suspensão de atividades nos municípios, como forma de conter aglomerações e, assim, evitar a proliferação do coronavírus.
O método se baseia em 10 indicadores fornecidos pelos próprios municípios, que são avaliados e resultam nas orientações –seguindo fórmula defendida pela Opas (a Organização Pan-Americana da Saúde, braço da Organização Mundial de Saúde).
Motta explica que a equipe do Governo deve consultar as recomendações do Prosseguir na primeira semana de outubro, para definir os próximos passos. O parâmetro que vai determinar a volta das aulas presenciais ainda não foi definido.
"Estamos elaborando os protocolos para quando voltar. Não só o protocolo de biossegurança, mas também da questão normativa, cognitiva e socioemocional, é um protocolo extenso", frisa.
Aulas remotas
A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) defende que as aulas remotas continuem até o fim do ano. "Ainda não há condições para volta das aulas presenciais. Temos que nos organizar para voltar no ano que vem, se for possível", defende.
A Semed (Secretaria Municipal de Educação) informa que ainda não há previsão de quando as aulas presenciais serão retomadas na rede municipal de Campo Grande. De acordo com a Secretaria, há uma Comissão Municipal de Gerenciamento da Pandemia, que discute as medidas de segurança e também as ações a serem desenvolvidas na área da educação para este ano e o próximo.
"A primeira reunião aconteceu no dia 31 de agosto, porém ainda não há plano de biossegurança ou outras ações concretizadas, pois tudo está na fase inicial. Outra reunião deverá ocorrer em breve, ainda sem data definida", informou, por nota.
A Semed afirma que criou uma comissão de retorno às aulas, que deve definir estratégias para o retorno, enfocando aspectos cognitivos, sócio emocionais, normativos e de biossegurança.