Médico alerta sobre riscos à saúde provocados por contaminantes ambientais
Pós-graduado em Nutrologia, Pedro Vieira Neto recomenda a diminuição da exposição diária a essas substâncias
SAÚDENeste mês de agosto, graças a uma campanha criada em 2012 no Estado do Paraná, são desenvolvidas ações para promover a saúde junto à população masculina. Trata-se da campanha “Agosto Azul”, que tem foco na importância de um estilo de vida saudável e prevenção de doenças crônicas, como sobrepeso, obesidade, doença cardiovascular e câncer de pulmão e também o de próstata.
Pensando em um contexto prático, presente no dia a dia da maioria das pessoas, o médico campo-grandense Pedro Vieira Neto defende que os homens tomem alguns cuidados que podem agregar saúde e protegê-los de doenças. “Estou falando sobre a diminuição da exposição diária a substâncias denominadas contaminantes ambientais e disruptores endócrinos”, detalhou.
Com atuação na direção de que seus pacientes levem uma vida mais orgânica e natural, ele explica que os disruptores são elementos capazes de interferir sobre a ação normal dos hormônios e, por consequência, desregulá-los. “Essa interferência pode acontecer sobre a produção, transporte, metabolismo ou liberação de um hormônio na corrente sanguínea”, relatou.
Pedro Vieira Neto cita que os primeiros produtos onde os disruptores se encontram presentes são os filtros solares, que trazem em suas composições uma toxina ambiental chamada xenoestrogênio. “Como o próprio nome já diz, o prefixo ‘xeno’ significa estranho, ou seja, um elemento estranho ao organismo humano capaz de desregular a ação normal do estrogênio e de outros hormônios naturalmente produzidos pelo corpo”, pontuou.
Outro exemplo interessante é o caso dos desodorantes, em que se observa a presença de alumínio, agente que aparece na composição como um ingrediente ativo para a ação antitranspirante do produto. “Estudos já relacionaram esse excesso de alumínio a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson”, alertou o médico.
Ele acrescenta que algumas orientações práticas, a fim de que no dia a dia a exposição do organismo ao alumínio se minimize, são a troca das panelas de alumínio usadas em casa por aço inox, além da não utilização, sempre que possível, de papel alumínio, usado para cobrir os alimentos durante o tempo de forno, e de latas em geral, como de refrigerantes e cerveja, todos esses materiais onde o alumínio se encontra bastante presente.
Outros produtos
O médico alerta que também vale citar a questão das pastas de dente, que apresentam entre seus componentes o triclosan, uma substância antibacteriana/antisséptica que já foi proibida na Europa e nos Estados Unidos. “Na realidade, Estados Unidos e Europa já baniram a utilização pela indústria de vários outros agentes antissépticos (mais de 20 no total), os quais, de forma arriscada à saúde, ainda continuam sendo usados aqui no Brasil”, informou.
Ele pontua que o flúor também aparece na composição das pastas de dente e, com isso, acaba se ligando em nosso corpo aos mesmos receptores que deveriam ser ocupados pelo iodo, pelo fato de flúor e iodo terem estruturas moleculares parecidas. Isso faz com que o iodo não consiga desempenhar suas ações normalmente, acarretando prejuízos ao organismo, uma vez que o iodo é fundamental à saúde na proteção contra radicais livres, prevenção de tumores nas mamas, formação dos hormônios da tireoide, etc.
Segundo o médico, os disruptores endócrinos ainda podem ser encontrados na composição de perfumes e fragrâncias. “Nesse caso específico, os ftalatos, substâncias que fazem com que os perfumes tenham seu prazo de validade prolongado, surgem como agentes químicos que podem ser considerados verdadeiros vilões à saúde humana, tanto que a utilização de ftalatos pela indústria cosmética já foi banida na Europa, pelo fato de terem sido considerados tóxicos para o sistema reprodutivo, com estudos mostrando a associação entre os ftalatos e a diminuição da fertilidade masculina”, relatou.
Deixando um pouco de lado os produtos de higiene e cosméticos, Pedro Vieira Neto revela que contaminantes ambientais também podem ser localizados nos plásticos de forma geral. “Garrafas plásticas, por exemplo, apresentam em sua composição o uso de BPA, uma substância chamada bisfenol A. Em pesquisas, observou-se que com exposições do corpo a doses nanomoleculares de bisfenol, ou seja, quantidades extremamente pequenas, já ocorrem interferências sobre os hormônios da tireoide, sobre a liberação normal de insulina e sobre a proliferação de células de gordura no corpo”, falou.
De acordo com o médico, estudos já relacionaram também a exposição continuada ao bisfenol A e o câncer de próstata. “Devido a essas informações de alarme à saúde, não conseguimos falar em uma dose de ingestão diária segura de bisfenol, sendo alternativas a isso a utilização nas residências de filtros para água, pois aqueles de barro, mesmo que antigos, são uma boa escolha em relação à saúde”, avisou.
Outro alerta é para o uso no dia a dia de garrafas e outros recipientes plásticos com a inscrição “BPA free”, ou seja, “livre de bisfenol A”. Além da lembrança do cuidado para que utensílios domésticos plásticos não sejam aquecidos no microondas e nem fiquem diretamente expostos ao sol, pois isso faz com que uma maior liberação de bisfenol para o conteúdo de uma garrafa plástica de água, por exemplo, aconteça.
Curiosidade
O médico campo-grandense cita uma curiosidade: o bisfenol A está presente, como preparador de cor, até nos extratos e comprovantes bancários, aqueles que recebemos nos pagamentos quando utilizamos o cartão ou nos caixas eletrônicos das agências.
Além disso, completa o profissional, agrotóxicos também não escapam à situação de contaminação, especialmente aqui no Brasil, que desde o ano de 2008 vem sendo campeão no uso de pesticidas/defensivos. “O País é líder mundial no uso de agrotóxicos organofosforados nas lavouras por motivos diversos, como menor regulamentação dessa utilização pelos órgãos públicos competentes, questão climática tropical e permissão do emprego de agentes extremamente nocivos à saúde já banidos em outros países”, citou.
Ele pontua que, devido a essa exposição contínua aos pesticidas-herbicidas e também a outras exposições ambientais, nos últimos 50 anos têm sido notadas tanto a redução da fertilidade masculina como alterações no espermograma. “A solução viável para esse problema, pelo menos naquelas refeições que acontecem em casa, é o hábito de consumo, por toda a família, de vegetais orgânicos, especialmente daqueles que nas amostras pesquisadas geralmente aparecem com os maiores índices de contaminação, como pimentão, uva, pepino, morango, couve, abacaxi, mamão, alface, tomate e beterraba”, enumerou.
Como um último risco, o médico cita aquele que mais impacta o homem atualmente: as redes wifi e os aparelhos celulares. “Já pensando nas medidas que podemos adotar em nosso dia a dia para minimizá-lo, pelo fato de a radiação eletromagnética emitida a partir da antena acoplada ao aparelho, que hoje em dia não é mais visível, mas que faz parte do conjunto internamente, apresentar uma frequência de onda bastante alta, por exemplo muito acima da frequência utilizada em rádio”, informou.
Devido a isso, a maior parte dessas ondas é totalmente absorvida pelo corpo humano, representando um enorme risco para a saúde da população, especialmente para as crianças, que permanecerão suscetíveis a uma maior exposição acumulada à radiação ao longo de suas vidas, principalmente no período de formação do cérebro, em comparação a pessoas que começaram a usar o celular já com mais idade.
Radiação
Segundo o médico campo-grandense, há ainda pesquisas correlacionando a exposição à radiação e alterações reprodutivas masculinas, como baixa contagem e menor mobilidade dos espermatozoides, além de um potencial risco para o cérebro. “Como ações práticas, realmente possíveis no dia a dia e com o objetivo de que não fiquemos tão vulneráveis à radiação eletromagnética, especialmente vinda dos celulares, estão: evitar deixar, ao longo do dia, o aparelho colado ao corpo, principalmente no bolso da calça, próximo à região genital”, sugeriu.
Ele também indica que é preferível evitar falar ao celular com o aparelho junto à cabeça (usar o viva voz, sempre que possível) e não utilizar o aparelho quando o sinal está fraco, porque nessa situação o celular emite ainda mais radiação. “Também não é recomendável dormir com o aparelho próximo à cama. A dica é deixar o telefone no banheiro ou mesmo desligado”, indicou.
A partir das informações descritas, Pedro Vieira Neto ressalta que é imprescindível que cuidados individuais sejam adotados na rotina diária, como a substituição dos artigos de higiene e beleza convencionais utilizados com frequência por produtos naturais ou orgânicos. “Atualmente, já estão disponíveis no mercado vários produtos orgânicos, que reduzem a exposição diária do organismo aos contaminantes ambientais. Dessa forma, teremos mais saúde e qualidade de vida presentes em nosso dia a dia”, finalizou.
Serviço
O consultório do médico Pedro Vieira Neto (CRM/MS 11121 – CRM/SP 149490) fica na Rua Alagoas, 396, sala 806, Jardim dos Estados, Campo Grande (MS), telefone (67) 3047-1880