Priscila Mengue | 16 de julho de 2020 - 14h28

Arquiteto Gian Carlo Gasperini morre aos 93 anos em SP

Galeria Metrópole, Edifício Pauliceia, Parque da Juventude e o primeiro shopping de São Paulo estão entre seus projetos mais conhecidos

LUTO
Em 2004, Gian Carlo Gasperini foi fotogradado em frente ao prédio do Tribunal de Contas para uma reportagem especial sobre os maiores arquitetos de São Paulo - (Foto: Marcio Fernandes/Estadão)

Italiano radicado no Brasil, o arquiteto Gian Carlo Gasperini morreu aos 93 anos na quarta-feira, 15, em São Paulo. Ele assina alguns dos projetos arquitetônicos e urbanísticos mais icônicos da capital paulista, como os da Galeria Metrópole, na República, do Edifício Pauliceia, na Avenida Paulista, do Parque da Juventude e da Biblioteca São Paulo, criados na área do antigo Complexo do Carandiru, e do primeiro shopping da cidade, o Iguatemi, de 1966.

Segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Gasperini estava internado há dois no Hospital Albert Einstein, com um quadro de pneumonia. O arquiteto nasceu em Castellammare di Stabia, em Nápoles, mas se mudou para o Brasil logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1947, concluindo a graduação em Arquitetura e Urbanismo dois anos depois na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Entre outras obras importantes, estão a sede do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP), o Edifício Tutóia (sede da IBM) e o antigo Credicard Hall. Fora da capital, assinou os projetos do Edifício Peugeot, em Buenos Aires, idealizado como a maior torre de escritórios da América do Sul, e do Auditório Campos do Jordão, na cidade homônima, dentre outros.

Grande parte dos seus projetos foram assinados pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos, fundado há mais de 50 anos. Ao longo de décadas, fez parcerias com outros nomes importantes da área, como Rodrigo Aflalo, Jacques Pilon e Salvador Candia. Gasperini também foi professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), na qual concluiu mestrado e doutorado.

A morte do arquiteto foi lamentada por entidades e profissionais da área. "Exemplo de profissional, nos deixa belos projetos e grandes lições", diz nota divulgada pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBea). "Ele aliou a produção arquitetônica de alto nível com o entusiasmo na formação de diversas gerações de arquitetos", descreve Luciano Guimarães, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), em comunicado.

'Senhor dos grandes prédios' de São Paulo

Em entrevista ao 'Estadão', em 2009, Gasperini chegou a ser chamado de um dos "senhores dos grandes prédios" da capital paulista. "Nossos prédios têm uma lógica própria, com ênfase na parte estrutural e uma composição arquitetônica clara, limpa, sem extravagância, sem modismos. Essa é a nossa plataforma. E isso fez com que o escritório se destacasse entre os demais, tornando-se um dos maiores em atividade hoje em dia", disse na ocasião.

Ele também explicou sobre a escolha profissional. "Resolvi ser arquiteto porque nós estávamos completamente na merda depois da guerra. Todas as profissões eram terrivelmente desacreditadas. Então eu via duas opções: ou a medicina, que era do meu pai, ou as artes. De repente, comecei a me dedicar às artes. E, então, acabei entrando em arquitetura."