Bolivianas que embarcaram em Corumbá para São Paulo são resgatas de trabalho escravo
As mulheres trabalhavam das 7h às 22h e recebiam valores inferiores à metade de um salário mínimo durante dois meses
RESGATEDuas irmãs bolivianas, de 22 e 19 anos, foram resgatadas em ação fiscal contra o trabalho análogo ao de escravo iniciada em 20 de maio em São Paulo (SP). Elas entraram de forma irregular no país e trabalhavam em uma oficina de costura que confeccionava peças de vestuário para uma loja de varejo.
As mulheres trabalhavam das 7h às 22h e recebiam valores inferiores à metade de um salário mínimo durante dois meses. Além disso, as trabalhadoras sofreram restrições à sua locomoção.
Responsabilizada como empregadora, a loja de varejo efetuou os pagamentos das verbas rescisórias e indenizações devidas às trabalhadoras e, ainda, custeará o regresso das irmãs ao país de origem.
Tráfico de pessoas
A apuração dos auditores fiscais mostrou também que o dono da oficina de costura, localizada na zona leste da cidade de São Paulo, foi responsável pelo ingresso das irmãs no país. Acompanhadas por ele desde Cochabamba, na Bolívia, onde residiam e haviam sido contratadas, elas entraram no Brasil atravessando um riacho que divide os territórios.
Neste dia, a fronteira entre os dois países foi fechada por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Em Corumbá, embarcaram em ônibus até a capital paulista, iniciando seu trabalho no mesmo dia em que chegaram. O dono da oficina foi preso em flagrante e depois liberado na audiência de custódia, respondendo ao processo em liberdade.
Resgatadas, as jovens migrantes se encontram acolhidas em local seguro. Embora tenham direito a solicitar residência permanente no Brasil, uma vez que foram submetidas ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas, as trabalhadoras aguardam somente a finalização dos trâmites burocráticos necessários para seu retorno à Bolívia.