25 de maio de 2020 - 11h41

60 dias da quarentena: como tem sido sua experiência?

Djanira Luiza Martins de Sousa - Psicóloga (CRP 11/01159) e coordenadora dos cursos de Pós-graduação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial e de Psicologia Humanista e Existencial do Centro Universitário Estácio do Ceará.

OPINIÃO

Foram 60 dias em que você se isolou realmente das pessoas ou tentou se conectar por meio de tecnologia, descobrindo que mesmo longe fisicamente, é possível estar próximo? 

Foram dias em que você viveu sob a pressão da produtividade ou experimentou o respeito ao seu ritmo biológico e psicológico? Foram dias de cansaço do convívio intenso com os familiares ou de possibilidades de conviver mais e com melhor qualidade?

Foram 60 dias em que precisou dar conta de todas as atividades domésticas e familiares e ainda do home office ou foi uma oportunidade de exercitar o ajustamento criativo que existe em cada um de nós? 

Foram dias de tédio e impaciência, ou de possibilidades de entrar em contato consigo mesmo? Foram 60 dias de ansiedade com relação ao futuro ou de sonhar e fazer planos para um futuro melhor? Foram 60 dias de paralisação de sua energia vital ou de pensar em formas diferentes de autocuidado? 

Acredite, não é necessário se encaixar numa forma ou na outra. É possível que você tenha vivido todas essas situações, uns dias produzindo, outros se recolhendo e cultivando o ócio; uns dias amando estar com a família e outros desejando estar sozinho em seu cantinho; uns dias querendo ler todos os livros da estante e outros querendo dormir direto por 24 horas. Não esqueça, seja benevolente consigo, somos humanos e para a categoria do humano não existe uma forma única de agir.

 Lembre-se que a Pandemia do Covid-19 nos convocou a realizar mudanças abruptas em nossas vidas, foi necessário saímos de um ‘lugar’ habitual e rotineiro em que estávamos e fomos convidados a nos reinventar em todos os aspectos. Foi preciso que criássemos novas formas de nos relacionar com a família, com o trabalho, com os estudos, com a ausência de contato físico com os amigos e amores, e de nos relacionar conosco mesmos, com nosso eu interior. Para muitos, tem sido um grande desafio, para outros, um sinal de superação e resiliência. Foram dias de novas oportunidades de vivermos de maneira diferente e refletirmos sobre isso. 

O que fazer com estas vivências cabe a cada um de nós: pode ser sentido como uma dádiva ou uma punição, um aprendizado ou um sofrimento. E você, o que vai fazer com esses 60 dias? Aproveite e reflita sobre isso!