Carlos Ferreira | 21 de maio de 2020 - 11h00

Casos de coronavírus avançam em frigoríficos e contágios aceleram índices no interior

O sinal de alerta foi ativado no setor e o Ministério Público do Trabalho (MPT) notificou no mês passado quase 30 indústrias com unidades ativas no Estado

SINAL DE ALERTA
Era questão de tempo para que acontecesse um surto da Covid-19 dentro das indústrias alimentícias - Foto: Ueslei Marcelino/Reuters/Direitos reservados

Com o aumento de 9% nas exportações de carne que totalizou 321,9 milhões de dólares neste ano, a indústria frigorífica considerada essencial para o abastecimento da economia sul-mato-grossenses, virou o foco dos casos de coronavírus em MS. Era questão de tempo para que acontecesse um surto da Covid-19 dentro das indústrias alimentícias. Só neste mês, os frigoríficos de Bonito, Dourados e Guia Lopes da Laguna tiveram casos confirmados de funcionários com o vírus.

O sinal de alerta foi ativado no setor e o Ministério Público do Trabalho (MPT) notificou no mês passado quase 30 indústrias com unidades ativas no Estado para que seguissem recomendação específica sobre práticas sanitárias capazes de obstar o contágio e a disseminação da Covid-19, tanto em relação aos empregados diretamente contratados quanto aos demais prestadores de serviços internos e externos. Amanhã (22) o MPT realiza uma coletiva com o procurador Jeferson Pereira, que irá detalhar ações desenvolvidas até o momento para conter os riscos de contágio pelo novo coronavírus no âmbito das indústrias frigoríficas do Estado e mitigar o avanço de infecções em ambientes onde já existem casos confirmados da doença Covid-19, a exemplo de unidades em Bonito, Guia Lopes da Laguna e Dourados.

Casos – Em Guia Lopes da Laguna, o Brasil Global Agroindustrial Ltda que registrou, no início do mês, cinco casos confirmados de Covid-19. Segundo a direção da empresa, um caminhoneiro teve contato com dois funcionários no dia 24 de abril. Dias depois, ele comunicou ao estabelecimento que estava com Covid-19. Os funcionários foram isolados e um deles testou positivo para a doença. Na primeira semana de maio, o medidor de temperatura do frigorífico detectou quatro funcionários com febre, cujos testes comprovaram depois a infecção. A unidade tem 311 funcionários e decidiu suspender as atividades por 15 dias, contados do dia 8 de maio. 

Em Dourados a unidade do Seara Alimentos Ltda. (JBS) está deixando a população em alerta. Conforme os dados divulgados no último dia 19, pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade, seis casos confirmados eram funcionários do JBS/Seara de Dourados. No último dia 19, um grupo de agentes da vigilância sanitária de Rio Brilhante realizou a abordagem de um ônibus que transportava 16 funcionários do frigorífico JBS do município de Dourados. Durante a averiguação, foi constatado que quatro dos 16 trabalhadores apresentavam fortes sintomas da Covid-19. Os funcionários que aguardam pelo resultado do exame foram afastados preventivamente dos trabalhos.

A unidade do Seara Alimentos Ltda. (JBS) em Dourados está deixando a população em alerta

Por meio de nota, o JBS alegou que tem tomado medidas para garantir a saúde e segurança de seus colaboradores. A empresa "adotou medidas para garantir o máximo de segurança para seus colaboradores e prestadores de serviços em todas as suas dependências que já apresentou casos confirmados".

No município turistício de Bonito, o único frigorifico foi interditado após duas funcionárias de um mesmo setor serem diagnosticadas com Covid-19. De acordo com informações da assessoria de imprensa da Prefeitura da cidade, a decisão da interrupção das atividades da planta partiu da Vigilância Sanitária. A Prefeitura informou que uma das funcionárias contaminadas é esposa de um trabalhador de outro frigorífico, em Guia Lopes da Laguna.

O MPT espera saber com as investigações se houve negociação com o sindicato profissional para reduzir a atividade frigorífica apenas a sua essencialidade em termos de abastecimento da população e quais outras providências estão sendo tomadas para proteger a saúde dos trabalhadores próprios e dos prestadores de serviços.

A reportagem tentou contato com a Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS) que não respondeu as chamadas.