Os Conselhos e a Governança
*Iran Coelho das Neves
OPINIÃOTendo como tema ‘O Controle Social na Governança Pública’, encontro realizado no último dia 27 pelo Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, destinou-se a capacitar integrantes dos Conselhos que representam a sociedade civil nos organismos governamentais.
Ao atrair a expressiva participação de 355 integrantes de Conselhos, gestores e agentes políticos, incluindo prefeitos e vereadores, o encontro, coordenado pelo conselheiro Waldir Neves no âmbito do Programa ‘O Tribunal Que É Da Nossa Conta’, confirma o acerto do TCE-MS ao adotar o incentivo ao controle social como política institucional permanente.
Conforme tive oportunidade de observar ao abrir o oportuno encontro, o conceito de governança pública define transparência, ética, integridade, legalidade e prestação de contas como pressupostos à boa gestão.
Todos esses aspectos, porém, só se legitimam pela participação social no controle dos recursos públicos, em todas as fases de sua administração. Ou seja, desde o planejamento até a prestação de contas, e posterior aferição dos benefícios sociais dos investimentos públicos.
São essas as circunstâncias objetivas que configuram o controle social, cujo conceito foi introduzido pela Constituição Federal de 1988.
A partir daí, os Conselhos têm ampliado seu protagonismo nas diferentes esferas de governo, especialmente no âmbito da governança municipal, onde a democracia participativa se dá de forma mais visível e concreta, especialmente pela proximidade orgânica entre representantes da sociedade, agentes políticos e gestores públicos.
Assim, ao situar os Conselhos como foco central do encontro sobre ‘O Controle Social na Governança Pública’, o TCE-MS reafirma o seu empenho institucional para estimular a expansão e consolidação daqueles organismos como canais de fiscalização, acompanhamento e certificação da qualidade das políticas públicas realizadas.
Porém, como também lembramos na abertura do encontro, para a efetivação do controle social como instrumento democrático é fundamental que os organismos governamentais, em todas as esferas de poder, garantam a existência de espaços de participação popular.
Neste sentido, pelo seu próprio caráter paritário – integrados por representantes governamentais e da sociedade –, os Conselhos configuram mecanismos de controle social por excelência, na medida em que sua autonomia para avaliar políticas públicas lhes confere corresponsabilidade política, técnica e ética quanto aos investimentos governamentais.
Cabe, por fim, observar que, ao estimular o controle social da governança, o TCE-MS, sem abdicar de sua responsabilidade constitucional de zelar pela correta e eficaz aplicação dos recursos públicos, amplia os canais de participação popular que asseguram à sociedade os meios efetivos para influenciar a agenda governamental e indicar prioridades.
*Iran Coelho das Neves é Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.