Rota Biocêanica deve começar a ser construída em 2021
Além da nova ponte, o projeto intermodal prevê a ampliação da BR-267 no Mato Grosso do Sul
PROJETOSe tudo ocorrer como o governo brasileiro planeja, a construção da ponte entre as cidades de Porto Murtinho e Carmelo Peralta, no Paraguai, será iniciada em 2021. A informação é do diretor de Planejamento do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes), Luiz Henrique Mello, que participou de audiência pública na CRE (Comissão de Relações Exteriores) nesta quarta-feira (2).
"O traçado do contorno em Porto Murtinho terá 12 quilômetros. O estudo de viabilidade já está pronto. O projeto executivo básico estará contratado em dezembro e finalizado no ano que vem. Com isso, nossa expectativa é construir o contorno em Porto Murtinho em 2021, para abraçarmos e chegarmos na ponte que também vem sendo trabalhada junto com o governo do Paraguai", detalhou Mello.
Corredor intermodal
Além da nova ponte, o projeto intermodal prevê a ampliação da BR-267 no Mato Grosso do Sul. Neste caso, o projeto executivo também já está pronto. O contorno final da ampliação será em Porto Murtinho, atendendo o escoamento da produção do agronegócio. O Dnit também já tem estudos de viabilidade para ampliar as BRs 260 e 262 no mesmo estado, informou Mello.
"O DNIT está pronto para realizar uma enormidade de projetos de engenharia no Mato Grosso do Sul, visando atender a carga que vai passar pelos corredores. Já estamos inclusive realizando obras na BR 419 e outros pequenos empreendimentos. Mas a joia da coroa será realmente a ampliação da 267", finalizou.
Boom nas exportações
O ponto final do corredor bioceânico serão os portos de Iquique e Antofagasta, no Chile. Eles permitirão à produção brasileira acessar os mercados da Ásia, da Oceania e a costa oeste das Américas, sem passar pelo Canal do Panamá. Com isso, 60% do que é exportado pelas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil para aqueles mercados estrangeiros terão custos e tempo reduzidos, explicou o diretor da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), Rafael Benini.
"Os setores mais beneficiados serão os que exportam carne, alimentos processados e resfriados, celulose, automóveis, ônibus e caminhões, calçados e vestuários. As regiões Norte e Centro-Oeste já são as que mais crescem no país e aumentam a produção. A efetivação do corredor bioceânico será um diferencial expressivo. Campo Grande vai se tornar o novo hub de cargas do país, e a redução de custos do frete rodoviário será sensível, beirando 40% para alguns setores exportadores", detalhou.
Também devem cair de forma expressiva os custos de importação de produtos ligados às indústrias petrolífera e química. A EPL antevê ainda importações maiores de produtos eletrônicos, sal, pescado, laticínios, alimentos processados, vinhos e azeite.
Maior competitividade
O coordenador do Corredor Rodoviário Brasil, João Parkinson, garantiu que as reduções de custo logístico proporcionadas pelo corredor bioceânico tornarão o Brasil mais competitivo no mercado internacional.
"Comparado com os canais do Panamá e de Suez, ou com o estreito de Magalhães, o corredor bioceânico diminuirá em 12 dias o traslado da nossa produção. Uma diferença considerável especialmente para os que visam o mercado asiático. O custo de uso dos portos do Chile também são muito menores que os do porto de Santos. O frete da rota Antofagasta—Shanghai é 35% inferior à da rota Santos—Shanghai, por exemplo. Os custos no transporte rodoviário para atingir os portos chilenos também cairão em 50%, se comparados aos trajetos para os portos brasileiros" esclareceu Parkinson.