Larissa Silva | 26 de julho de 2019 - 13h02

Avós que criam os netos deixam marcas de gratidão

Nesse dia dos avós, netas contam como foi o papel de seus avós como pais

DIA DOS AVÓS
Felicidade e reconhecimento são as palavras que explicam o sentimento de um neto que foi criado por seus avós. - Foto: Arquivo pessoal

Ajudar nas tarefas escolares, pentear o cabelo, fazer a janta, levar para o colégio. Essa é a lembrança de muitas pessoas em relação a seus pais e também dos netos que foram criados por seus avós.

Izabella Yohana, de 21 anos, não conviveu com seu pai biológico, mas seu avô assumiu a responsabilidade desde o seu nascimento. “Lembro que até quando conheci meu pai tinha uns cinco para seis anos e fiquei até confusa porque achava na minha cabeça que meu avô era meu pai e depois que o conheci comecei a entender que tinha dois”, comenta rindo.

Adolfo Morais, avô de Izabella, ajudou a filha Noemi Morais, de 49 anos, na criação da neta e fez exatamente o que um pai biológico faria. Acompanhou todos os momentos de sua vida, desde levar a escola até levar à igreja. Para Izabella, a visão que tinha do seu avô era como seu pai duas vezes. “Nunca me senti desamparada e sempre soube que ele estaria ali comigo para tudo”, concluí a neta.

Adolfo Morais ajudou na criação da neta e fez exatamente o que um pai biológico faria.

O sentimento de gratidão e companheirismo é muito presente na vida dos netos que foram criados por seus avós. Para a psicóloga, Raquel Almirão, a criança vai entender que além dos avós não terem um pai ou mãe para cuidar do neto, eles buscam uma forma generosa  para cuidar dele. Segundo ela, a criança e adolescente percebem esse cuidado. “Muitos adultos têm esse amor profundo pelo tempo que passaram com os avós na necessidade deles enquanto criança e adolescente”, completa. 

Diferente de Izabella, Taciane Ito, de 20 anos, e seus irmãos Tatiane, de 32 anos e Gustavo, de 29 anos, tiveram  que passar um tempo longe do pai e da mãe. Seus pais tiveram que deixar o país para trabalhar no Japão, deixando os filhos com a avó Rosa Ito, na época com 69 anos. “Em 2003 os meus pais foram para o Japão para trabalhar, porque aqui estava bem difícil sustentar a gente. Aí eles foram para lá com o propósito de trabalhar, juntar dinheiro em dois anos e voltar para cá. Só que isso se estendeu e durou seis anos”, completa a caçula da família. 


Os pais de Taciane tiveram que viajar para outro país e deixaram os filhos com a avó Rosa

“Ela sempre foi muito presente em sempre tentar fazer com que a gente não sentisse a falta do meu pai e da minha mãe no dia-a-dia”. Com apenas quatro anos de idade, Taciane começou a ver sua avó como uma mãezona. Era “Batian”, como chamam a avó em japonês, que fazia a comida, buscava na escola, pegava as notas do irmão e também dava bronca quando era preciso. 

Felicidade e reconhecimento são as palavras que explicam o sentimento de um neto que foi criado por seus avós. Izabella Yohana perdeu o seu avô em janeiro deste ano e conta que apesar da dor, é grata por ter tido ele por 20 anos e irá levar tudo que lhe ensinou. “Como sinto saudades de cada conselho que me dava, de cada aniversário que fazia questão de sempre fazer. Foi para mim a melhor referência de pai que pude ter”, completa. 

Taciane continua morando com sua avó junto com seus pais, mas por dona Rosa, hoje com 85 anos, estar com início de alzheimer, os cuidados se inverteram e é Taciane que cuida dela. “Apesar das pérolas e dos esquecimentos, ela é muito ativa ainda, ela ajuda minha mãe. Ela adora sair”, a neta ainda finaliza dizendo que a avó é seu anjo da guarda e não vive sem ela.