Michel Grance Faustino | 09 de abril de 2019 - 16h13

Dia Nacional do Braile: Há 25 anos, Antônia usa Sistema Braile para orientar e servir ao público

SAÚDE

Na última segunda-feira (8) foi comemorado o Dia Nacional do Braile e a data propõe uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelas pessoas cegas e a importância de continuar a produzir obras em relevo, para proporcionar-lhes iguais oportunidades de ler e aprender. Ser portador de alguma deficiência visual não impede que a pessoa realize trabalhos que outra não cega realizaria. Dentre as muitas atividades, pode-se destacar o serviço de telefonista em que a consulta a uma agenda telefônica impressa no Sistema Braile, facilita o atendimento adequado ao interlocutor do outro lado da linha.

Este é o caso da Antônia Nolasco de Barros Miranda (50), que trabalha há 25 anos como telefonista da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e utiliza o braile para escrever e ler as anotações na agenda telefônica. 

A lista telefônica que a Antônia utiliza tem o número de todos os setores da Sesau, bem como de hospitais e outras unidades da Prefeitura de Campo Grande. Impressa em Braile pelo Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos, Florivaldo Vargas (ISMAC), a agenda facilita o trabalho para informar quem está do outro lado da linha.

“Muitas vezes tenho memorizado o número do ramal e nem preciso consultar a agenda. Quando não me recordo ou houve mudança no número, consigo fazer a leitura do número impresso na lista telefônica, informar e transferir a ligação”, explica Antônia.

Algumas anotações ela mesma faz utilizando a prancha de madeira e o “reglete” específicos para escrita em braile. Para escrever, é preciso usar o puncionador no sentido da direita para a esquerda. Para ler o que foi impresso é preciso virar a página e sentir as marcações utilizando o mesmo sentido de leitura visual, da esquerda para a direita.

Ela explica que o Sistema Braile permite ao cego a inserção no mercado de trabalho, pois a pessoa pode aprender a ler e escrever. “Tive o primeiro contato com o braile aos 15 anos por meio da alfabetização no ISMAC. Com os cursos oferecidos pela instituição pude me organizar e me preparar para estudar e passar no concurso da Prefeitura”.

Sempre atendendo as ligações com muita educação e clareza, Antônia garante que nunca teve problemas com outros colegas de trabalho ou com as pessoas do outro lado. “Respeitar os outros, independente de quem seja, esse é o nosso papel, mesmo que o outro não seja tão cordial quanto eu”, explica.

O Sistema Braille é considerado obra magistral do francês Louis Braille e sua versão mais conhecida data de 1837. O Dia Nacional do Sistema Braille celebra, em 8 de abril, o nascimento de José Alvares de Azevedo, primeiro professor cego do Brasil, que trouxe da França, ensinou e divulgou o sistema de leitura e escrita usado, atualmente, por milhões de pessoas cegas e com deficiência visual em todo o mundo.

Abaixo, algumas dicas sobre como agir com pessoas cegas: