PSDB Mulher cobra posição da bancada feminina no Congresso contra fim das cotas de candidaturas
A maior preocupação da dirigente é que, se aprovado até outubro, o projeto passa a vigorar no pleito de 2020, retirando direito conquistado em 2009 pelas mulheres
BANCADA FEMININAA presidente do PSDB de Mato Grosso do Sul, Mara Caseiro, cobrou da bancada feminina no Congresso Nacional posicionamento contrário e incisivo à proposta do senador Ângelo Coronel (PSD-BA), que busca exterminar a cota de 30% de mulheres nas chapas que disputam as eleições.
A maior preocupação da dirigente é que, se aprovado até outubro, o projeto passa a vigorar no pleito de 2020, retirando direito conquistado em 2009 pelas mulheres.
"Vem um senador e apresenta a retirada de algo que lutamos tanto para conseguir. Demoramos mais de 80 anos para atingir 15% de representação na Câmara. Essa lei da cota ajudou? Não tenha dúvida que ajudou, e muito, para que a gente pudesse ter esses 15%. E isso bastou? Não, não bastou e não basta. Não queremos nenhuma conquista a menos", protestou, durante audiência pública na Câmara de Vereadores de Campo Grande que discutiu a participação feminina na política.
Mara Caseiro também fez um apelo para que as deputadas e senadoras, sobretudo de Mato Grosso do Sul, se mobilizem no sentido de apoiar propostas que já tramitam no Congresso e que destinam às mulheres 30% dos assentos nas casas legislativas de todo o País.
"E aí eu quero fazer um clamor, um chamamento. Acho que nossas deputadas federais e senadoras tinham que dar uma resposta a esse homem desvairado, machista, insensível, defendendo a obrigatoriedade de pelo menos 30% de assentos nas casas Legislativas desse país. É essa resposta que nós queremos das nossas representantes federais, porque será a única forma de começarmos a promover a igualdade", disse.
Com base nas desigualdades históricas entre homens e mulheres, sobretudo na política, Mara Caseiro entende que somente esse tipo de cota pode garantir equidade de representação nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Câmara Federal e Senado.
Outra proposta criticada pela dirigente é de autoria do líder do PSL no Senado, Major Olímpio, que acaba com o fundo eleitoral. Para ele, a obrigatoriedade de 30% de presença feminina nas chapas acaba gerando candidaturas sem consistência, "simplesmente para preencher um vazio". Assim, a verba destinada a elas acabaria servindo de guarda-chuva para "candidaturas de marmanjos".
O senador chegou a fazer a seguinte declaração à Folha de São Paulo: "[Para] cada mulher que você não consegue nos 30%, você está perdendo candidatura masculina".
"Isso é um absurdo, pois já é historicamente muito mais complicado para as mulheres atuar no campo político, ainda mais com a retirada de direitos garantidos. Sem a cota, e sem o fundo eleitoral, fica inviável competir. É preciso que nossas mulheres no Congresso se posicionem com mais veemência contra esse tipo de atitude machista", declarou.
Atualmente, apenas 12 dos 81 senadores e 77 dos 513 deputados são mulheres.
"Representamos 52% de eleitorado feminino e ainda temos pouca representatividade no Congresso, cerca de 15%. Aqui na Assembleia Legislativa de nosso Estado, ficamos sem presença feminina. É preciso lutar para mudar esse cenário, e tirar conquistas não vai ajudar nesse processo", finalizo