Luiz Carlos Merten | 14 de março de 2019 - 07h09

'Darín e Mercedes Morán são os violinos de minha orquestra'

VARIEDADES

No Festival do Rio, no ano passado, quando veio apresentar seu longa de estreia, Um Amor Inesperado, Juan Vera foi sincero com o repórter. "Talvez eu tenha querido ser diretor lá atrás, mas desde que entrei na faculdade de cinema a vida foi me empurrando para outras atividades. Fui roteirista, tornei-me produtor.

Gosto de produzir e, como tal, creio que sou capaz de dar contribuições importantes para os diretores com quem trabalho. Mas eu comecei a sentir como uma cobrança. "Quando você vai dirigir seu filme? A pressão foi grande e eu, que não tenho o gene do diretor, cedi. Agora que perdi certos medos, talvez volte a repetir a experiência e se o fizer será com um filme mais autoral, que realmente me motive."

Do jeito que Vera fala, parece que Um Amor Inesperado não é um filme dele. "Não, por favor, terminei fazendo com gosto e creio que imprimi uma marca, mas no início foi uma mudança muito grande, eu diria até que traumática. Estou acostumado a chegar ao set e resolver problemas estruturais. Posso até opinar no roteiro, no elenco, mas na hora de filmar a responsabilidade é de quem está sentado na cadeira do diretor. E dessa vez era eu! Demorei alguns dias para relaxar, mas veja que essa foi uma ópera prima singular. O roteiro era muito bem escrito e exigiu mudanças mínimas. E decidida a questão do elenco, se você tem Ricardo Darín e Mercedes Morán tem os melhores. São os primeiros violinos da minha orquestra. Tivemos leitura, trabalho de mesa, eles opinaram sobre os personagens, pediram para mudar certas falas, mas quando começamos a filmar eu me preocupava mais com os aspectos técnicos. Com eles, era sentar e desfrutar o prazer de ver dois grandes atores que formavam uma dupla perfeita."

Perfeita em termos, porque a história do filme é justamente a história de um casal que, aparentemente, vivia muito bem e o filho foi estudar fora. Sozinhos, experimentaram um vazio e resolveram se separar. A história é autobiográfica? Vera desconversa. "Todo filme é sempre autobiográfico." O amor morreu ou só se transformou, e eles voltarão? "A vida está uma m... Problemas sociais, políticos, miséria, violência. Queria muito que, em meio à dificuldade cotidiana, as pessoas que forem ver Um Amor Inesperado saiam do cinema mais felizes. Não falo isso como o produtor que sempre fui, para ganhar dinheiro. Gostaria que esse fosse aquilo que os norte-americanos chamam de 'feel good movie'. Um filme para tornar as pessoas felizes." Graças ao elenco, é. Darín, que tem sido a cara do cinema argentino. Mercedes Morán, excelente, uma grande dama do cinema argentino. Mas não apenas eles. "Até o menor coadjuvante foi escolhido a dedo. Meu filme pode ter defeitos, mas certamente não no elenco. São todos ótimos", garante o diretor, e está certo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.