Da redação | 02 de abril de 2018 - 10h25

Projeto lança livro infantil sobre tamanduá-bandeira para ajudar na conservação do animal no Cerrado do Mato Grosso do Sul

Publicação será lançado em Congresso da SZB e terá distribuição gratuita em escolas

LANÇAMENTO
o Estado, o tamanduá é a terceira espécie com maior incidência de atropelamentos, perdendo apenas para o cachorro-do-mato e o tatu-peba - Divulgação

O icônico tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é considerado vulnerável à extinção, de acordo com a Lista Vermelha das Espécies (IUCN/ União Internacional para a Conservação da Natureza). No Cerrado, essa vulnerabilidade se dá, principalmente, pela falta de habitat, devido à conversão de florestas em áreas para atividade agropecuária e devido a atropelamentos nas rodovias, especialmente as que cortam o Mato Grosso do Sul. No Estado, o tamanduá é a terceira espécie com maior incidência de atropelamentos, perdendo apenas para o cachorro-do-mato e o tatu-peba.

Além das altas velocidades nas estradas, os atropelamentos dos tamanduás ocorrem devido a crenças populares de que o animal atrai mau agouro. "Essas crenças acabam virando motivo de perseguição aos animais. Há quem acredite, por exemplo, que, ao cruzar com um desses bichos, a sorte só volte se bater no focinho dele. Outros, em posse de veículos, acabam cometendo o atropelamento proposital", conta a bióloga Mariana Catapani.

Com o objetivo de desmistificar essa e outras ideias que prejudicam a sobrevivência da espécie, o projeto Bandeiras e Rodovias, do ICAS - Instituto de Conservação de Animais Silvestres em parceria com o IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, produziu o livro infantil "O Incrível Tamanduá Bandeira". A ideia é levar informação a crianças e jovens sobre a importância dos tamanduás, sua ecologia e comportamentos, de forma a conscientizá-los sobre o respeito à vida desses bichos.

Para a criação do livro, foram utilizados levantados realizados por Bruna Oliveira, coordenadora do Projeto Tatu Canastra Cerrado e  Mariana, que é doutoranda do programa de Ciências Ambientais da Universidade de São Paulo (USP). Elas avaliaram as crenças populares sobre a espécie a partir de mais de 500 entrevistas na região de Cerrado do Mato Grosso do Sul. "Existem diversas questões apontadas pelos entrevistados sobre não gostar da espécie, de crenças à baixa percepção estética sobre o animal. Isso é um processo psicológico e algo que passa de geração em geração. Espero que com esse livro, possamos alcançar as crianças para que elas cresçam com um olhar livre de preconceitos e desse tipo de crença que só prejudica essa espécie tão importante", afirma Mariana.

A publicação conta também com um Manual do Professor, com atividades para serem executadas em sala de aula com os alunos, e ilustrações do biólogo Pedro Rodrigues Busana. As artes são resultados do seu mestrado profissional na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). "Os desenhos têm uma abordagem científica baseados em observações científicas e entrevistas com profissionais com a função de delinear o que precisaria ficar evidente nessa arte. Buscamos um traço mais realista, para que as crianças identifiquem os animais quando avistá-los. Ao divulgar isso para as crianças, acreditamos que possamos alcançar também os adultos, já que elas são multiplicadoras de informação para os pais", comenta Pedro.

Ao todo, cinco mil exemplares serão distribuídos gratuitamente em escolas públicas (com prioridade para as rurais), em cidades com ocorrência de tamanduás no Mato Grosso do Sul. O lançamento será durante Congresso da SZB - Sociedade Brasileira de Zoológicos, no dia 6 de Abril, em Brasília. O pesquisador Arnaud Desbiez, coordenador do projeto Bandeiras e Rodovias, acredita que o livro é uma ferramenta importante para ampliar o conhecimento sobre o trabalho de conservação. “A Sociedade Brasileira de Zoológicos está lançando o Ano do Tamanduá, assim, vamos trabalhar com os diferentes zoológicos da SZB para poder alcançar e distribuir o livro e o manual  nas salas de aula do país. Esse apoio dos educadores de zoológicos é fundamental para a gente poder aumentar o alcance da nossa mensagem pela proteção da espécie”, diz.