31 de dezembro de 1969 - 21h00

ALONSO RESENDE NASCIMENTO - Presidente do Sinduscon-MS e 1º Vice-Presidente da Fiems

Entrevista Exclusiva

No próximo dia 21 (sábado), o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Mato Grosso do Sul -Sinduscon/MS- realiza o Dia Nacional da Construção Social, que reúne os funcionários da construção civil, no Clube do Sesi, para participar de práticas esportivas, além de contar com  atendimentos nas áreas de saúde, cidadania, educação,
profissionalização e cultura.

Para falar sobre o evento e o setor, o Jornal A Crítica ouviu o presidente do Sinduscon-MS e 1º Vice-Presidente da Fiems -Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul - Alonso Resende do Nascimento.
A Crítica - Como foi a idéia da realização do Dia Nacional da Construção Social?
Alonso - “Trata-se de um evento que já acontece há quatro anos no Brasil e, em Campo Grande, acontece pela primeira vez. O Dia Nacional da Construção Social deste ano terá como tema a prática de esportes. O Sinduscon, em parceria nacional com o Sesi, busca oferecer um dia de confraternização para os trabalhadores da construção civil. Estamos oferecendo assistência social aos funcionários da indústria da construção e neste ano vamos incentivar a prática de esportes. Um trabalho realizado recentemente pelo IBGE mostra que mais de 65% da população acima de 14 anos é sedentária. Nosso setor, que gera mais de 10 milhões de postos de trabalho em todo o país e pode dar uma contribuição muito importante na área de esportes. O evento terá várias atividades esportivas, estendidas também para as famílias dos trabalhadores. Visitantes do núcleo SESI também vão usufruir do evento”.
A Crítica - O setor é representativo na geração de empregos...
Alonso - “Sim. Temos cerca de dois mil funcionários na indústria da construção civil no Mato Grosso do Sul. É um setor que emprega muito e, importante, cria empregos de base, para quem não tem qualificação e que vai se qualificando com o tempo. O Sinduscon-MS é um sindicato patronal, que representa as empresas, mas que trabalha afinado com o Sintracon, o Sindicato dos Trabalhadores. Incentivamos a formação e capacitação profissional. Com o aquecimento do setor, há carência de profissionais capacitados. Passamos por um período de estagnação e, depois, com o boom da construção civil, faltou mão-de-obra. Hoje, há um trabalho importante de capacitação pelo Sesi. Hoje temos um crescimento da capacitação de mão-de-obra feminina, pois a mulher é mais detalhista e atenciosa e vem conseguindo espaço na construção civil”.
A Crítica - Comente o problema com a falta de material de construção...
Alonso - “Estamos começando a ter problema com o fornecimento de material de construção. Passamos um problema sério de falta de cimento. Tivemos então uma reunião, na sede da Sinduscon-MS, com representantes da Cimento Itaú, da Votorantim, que se comprometeram conosco de trazer cimento de Minas Gerais. Toda a produção de cimento da fábrica de Corumbá esta sendo destinada ao mercado local. No entanto, a produção local é pequena. Para se ter uma idéia, produzimos 21 mil toneladas/dia de cimento em Corumbá. Em uma fábrica no Mato Grosso, a mesma empresa produz 60 mil toneladas/dia. Como o término das novas fábricas ainda vai demorar, a solução foi trazer cimento de Minas Gerais, o que pode gerar um aumento de preço do produto, pois tem o frete.”
A Crítica - Mas, a falta de material de construção pode encarecer o produto final, que é o imóvel pronto?
Alonso - “Sim. A falta de cimento já encareceu um pouco a obra. Se faltar tijolo, cerâmica em geral, se tiver que trazer de fora do Estado , vai encarecer os imóveis”.
A Crítica - O senhor acredita que o aquecimento no mercado da construção civil continuará por quanto tempo?
Alonso - “O crescimento está começando a arrefecer Mas, será mantido num patamar melhor do que há um tempo atrás, quando havia estagnação. Teremos um fator importante que freará os investimentos, que é a troca ou manutenção de governo. No caso federal, por exemplo, teremos a continuidade ou a troca. Caso troque o governo, haverá uma expectativa dos investidores por uns seis meses, até que o novo governo tome posse e demonstre a que veio. Se continuar PT, haverá continuidade. Se o Serra ou outro ganhar, é normal que o investidor espere um pouco para tomar decisões”.
A Crítica - Uma empresa estrangeira, mexicana, está se instalando para a construção de casas em Campo Grande. Ela já procurou o Sinduscon-MS?
Alonso - “A empresa não procurou o Sinduscon. Já tentamos um contato e não obtivemos resposta. Mas, a construção de milhares de casas que eles propõe se dará se houver mercado, se houverem as vendas. As empresas de fora têm que se adequar ao mercado local. O mercado de Mato Grosso do Sul é diferente do mercado de São Paulo, por exemplo. Empresas que já vieram de fora, notaram que o mercado não é o que eles esperavam”.
A Crítica - Qual a filosofia do SInduscon-MS junto às empresas?
Alonso - “Procuramos fazer com que as empresas se formalizem e cumpram todos os requisitos básicos trabalhistas, de formação, de segurança e de benefícios sociais com seus funcionários. Os trabalhadores têm que se sentirem satisfeitos trabalhando na construção civil”.
A Crítica - Há um tempo atrás o Estado vivia um problema sério de falta de segurança nas obras. Como isso foi resolvido?
Alonso - “Fizemos muitos trabalhos de conscientização e, hoje, há uma legislação específica regendo a segurança no trabalho. As empresas formalizadas seguem essa legislação. Hoje, todo funcionário que vai para o canteiro de obra, faz exame médico, usa os equipamentos necessários e todos os métodos seguros”.
A Crítica - E como o empreiteiro informal pode tornar-se uma micro empresa e agir dentro das normas?
Alonso - “Existe um trabalho importante no Sebrae-MS que permite que o empreendedor informal possa entrar no mercado de trabalho, inclusive se ele trabalhar sozinho, garantindo direitos e a segurança previdenciária. Trabalhamos em conjunto com várias entidades para tentar reduzir a informalidade.Isso é bom para o Estado, para o setor e para os funcionários”.
A Crítica - Deixe um convite para que os funcionários do setor participem do Dia da Construção Social...
Alonso - “Nosso desejo é que os funcionários de todas as empresas de Campo Grande e região participem do evento, aproveitem a oportunidade, que é muito importante para os funcionários e suas famílias. E que os empresários incentivem a participação de seus funcionários. O tema deste ano é pratique esporte, pois esporte é saúde”.