Rua 25 de março faz 152 anos reconhecida como centro de todo tipo de compras
Brasileiros de várias regiões do País recorrem à 25, como é intimamente chamada, para compras em atacado e varejo especificamente de objetos de decoração e bijuteria. Mas, em meio a essas ofertas, encontramos itens mais excêntricos
DATAUma das ruas de comércio popular mais conhecida do país, a 25 de Março, na capital paulista, tem movimento intenso durante o ano inteiro, mas é aos fins de semana e vésperas de eventos comemorativos que a região ferve.
Este sábado, 25, cai justamente na data que batiza o logradouro e remete ao dia do Juramento da Primeira Constituição do Brasil Independente, promulgada por Dom Pedro I em 25 de março de 1824.
Para identificar o perfil dos frequentadores da chamada “região da 25”, como é conhecido todo o entorno da rua, o Observatório de Turismo e Eventos da São Paulo Turismo (SPTuris, empresa municipal de turismo) fez uma pesquisa de campo na qual entrevistou mais de 1,4 mil pessoas. Confira abaixo os principais dados:
Gênero:
67% feminino
33% masculino
Faixa etária:
24,4% de 30 a 39 anos
19,1% de 25 a 29 anos
17,6% de 18 a 24 anos
17,5% de 40 a 49 anos
11,3% de 50 a 59 anos
5,5% de 60 anos ou mais
4,5% de 16 a 18 anos
Grau de instrução:
37,8% médio completo
21,8% superior completo
13,1% médio incompleto
10,5% superior incompleto
10,4% fundamental completo
4% fundamental incompleto
2,4% pós-graduação
Ocupação principal:
45,7% assalariado com registro
15,8% autônomo
12,6% assalariado informal
6,5% desempregado
4,9% aposentado/ pensionista
4,5% funcionário público
3,8% dona de casa
3,4% estudante
1,5% profissional liberal
1,4% empresário/ microempresário
Motivos de visita à rua 25 de Março:
75,27% para compras pessoais
10,36% porque trabalha na região
5,28% para compras para negócios
4,14% estava somente passagem
3,34% a passeio turístico
Com lojas de roupas, artigos para festa e bijuterias, passando por eletrônicos, brinquedos e produtos de utilidade doméstica, saiba quais são os oito itens mais procurados na “25”.
1) Bijuterias: 22,1%
2) Vestuário: 16,6%
3) Artigos para festas: 16,2%
4) Eletrônicos: 12%
5) Cama, mesa e banho: 8,3%
6) Brinquedos: 7,9%
7) Utilidades domésticas: 5,3%
8) Fantasias: 3,8%
Outras informações reveladas pelo levantamento:
R$ 329,32 é o gasto médio dos visitantes na região
Quase 30% das pessoas visita a rua 25 de Março mensalmente
Entre os não-residentes, a média de permanência na cidade é de 2,2 dias
95% das pessoas afirmaram que não estavam ali pela primeira vez
Dos que foram pela primeira vez, 90% pretendiam voltar em outras ocasiões
O levantamento na íntegra está disponível no site www.observatoriodoturismo.com.br
Veja outras curiosidades sobre a rua: O nome da Rua 25 de Março foi oficializado em 28 de novembro de 1865, por proposta do então vereador Malaquias Rogério de Salles Guerra. Antes disso, ainda no século 18, o local era chamado de “Beco das Sete Voltas”, porque na época acompanhava as margens sinuosas do Rio Tamanduateí. Já no século 19, o beco passou a ser chamado popularmente de Rua de Baixo, justamente pela sua localização geográfica, na parte baixa em relação à colina do Pateo do Collegio, onde a cidade de São Paulo “nasceu”.
Filha das enchentes: Por ficar em uma região de várzea, a rua costumava ser atingida pelas cheias do rio Tamanduateí antes da canalização. Com os alagamentos constantes, os comerciantes passaram a vender o que não tinham perdido a preços abaixo do mercado, o que gerou aos poucos a fama de rua do bom preço no centro da capital. Aos poucos, os comerciantes perceberam que essa fama era boa para os negócios e uma onda de imigrantes fez a fama do local, começando pelos árabes, na primeira geração, e depois pelos chineses.
Porto Geral
Hoje um rio completamente canalizado, o Tamanduateí já foi um grande ponto de navegação no centro da capital. Até o início do século XX, o rio recebia navegações com mercadorias, que abastecia os mercados municipais. A Ladeira Porto Geral, aliás, ganhou este nome por causa do porto que existia na região. Por essa excelente localização, a Rua 25 de Março foi muito beneficiada com o fornecimento de produtos em primeira mão. Na primeira leva de comerciantes, o atrativo da rua eram os tecidos. Com o passar do tempo, o comércio foi se diversificando e hoje em dia é possível encontrar de tudo um pouco na região.
Grandiosidade
A Rua 25 de Março recebe mais de 400 mil pessoas diariamente e mais de um milhão em semanas de datas comemorativas. Junto com outras ruas da região, que formam o centro comercial da 25 de Março, são contabilizados mais de 3,5 mil pontos de vendas, somando lojas, stands, galerias e shoppings.
A dica pra quem vai para a região é aproveitar e dar uma esticadinha até o Mercadão Municipal, que fica bem pertinho, e provar as deliciosas iguarias do principal mercado de São Paulo. Com dinheiro no bolso e um tênis confortável, é possível passar o dia inteiro na Rua 25 de Março.
Transporte
A região engloba as estações de metrô da Luz e São Bento, além do terminal de ônibus do Parque Dom Pedro. O levantamento da SPTuris ainda aponta que, na Rua 25 de Março, 70% dos turistas estão em busca de produtos para revender em suas cidades de origem.
A Rua que virou livro
Em 2010 foi publicado um livro Mascates e Sacoleiros empreendedores que construíram uma região, Rua 25 de Março, desde 1865 fazendo história, que conta a história da rua. No livro, o autor Lineu Francisco de Oliveira descobre, por exemplo, que o compositor Adoniran Barbosa trabalhou, em 1935, como vendedor e entregador de uma loja de tecido. "O mais intrigante é que ele foi demitido por ter o hábito de atender os clientes batucando no balcão", comenta Oliveira. É com a ajuda de detalhes como esse que o autor vai traçando o perfil da região ao longo do tempo. E mostra, assim, que alguns problemas persistem desde o começo. Assim como as enchentes, a primeira registrada na história da região ocorreu em 1.° de janeiro de 1850. Um temporal de seis horas alagou as casas às margens dos Rios Tamanduateí e Anhangabaú. Das 27 casas destruídas, 14 eram de taipa. As consequências das águas foram tão aterradoras que a cidade de Santos ajudou financeiramente a capital na recuperação dos estragos.
A falta de segurança também é outro problema da rua, quem a frequenta sabe que é preciso sempre tomar muito cuidado com a carteira. As calçadas estreitas, tomadas por camelôs, e o excesso de pessoas deixam a via propícia para pequenos assaltos. Em 2006, a Guarda Civil Metropolitana inaugurou um projeto de monitoramento eletrônico, instalado nos pontos de maior incidência de roubos.
Mas nem isso deixa os consumidores intimidados a frequentar por ali.
Também de olho na classe alta uma comerciante passou a investir na modernidade, e na venda de produtos importados com preços um pouco mais elevados, a loja Doural sofisticou as prateleiras com uma série de produtos importados para cozinha, como panelas de cobre e máquinas de café expresso. Para isso, abriu uma importadora, a Abdala Import.
"No início foi difícil porque marcas como a Nespresso tinham muita resistência em vender suas mercadorias na 25 de Março", comenta Camila, dona do loja. "Achavam que o lugar depreciaria o produto. Agora, mudaram de ideia." A Doural é um exemplo de novos tempos. Os funcionários usam uniforme. No mezanino, uma copeira serve café expresso e água para os clientes. "Também vendemos pela internet." Apesar das mudanças, a casa ainda preserva a fachada do início do século passado. "Essa rua era muito diferente", diz Jorge Ghachache, dono do restaurante Gebran, que fica nas redondezas. "Esses prédios eram residenciais, na parte de cima, e comerciais em baixo", conta. "Muitos hospedavam clientes que vinham do interior", diz Oliveira.
Fatos que marcaram a região
1865 Rua de Baixo vira a 25 de Março
1905 Inaugurada a Doural
1950 Enchentes são comuns
2010 Modernização do comércio atrai classe A