Má gestão do petróleo está por trás de crise na Venezuela
Economia
Pelo menos umas 12 pessoas morreram nas manifestações de rua na Venezuela. Novos confrontos são prováveis. Mas, em meio ao caos, o petróleo desse país membro da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) continua a fluir - por enquanto.
Enquanto manifestantes pediam a sua renúncia, o presidente Nicolás Maduro culpava os "fascistas" e os "espiões americanos" e arregimentava a sua base de apoio socialista. Na semana passada, ele trocou o nome do maior campo de petróleo do país, o Cinturão de Orinoco, para Hugo Chávez, seu mentor.
"Decidi chamá-lo a partir de hoje de cinturão do petróleo Hugo Chávez. Vocês concordam?", perguntou Maduro em comício com trabalhadores do setor petrolífero. "Sim!", bradou a multidão.
Para críticos, como os estudantes das manifestações e o líder oposicionista Leopoldo López, de 42 anos, formado em Harvard e preso naquele mesmo dia sob acusações de incêndio criminoso e formação de quadrilha, essa honraria é inadequada.
Embora a Venezuela ostente as maiores reservas energéticas do mundo, o "chavismo" administrou estrondosamente mal a riqueza do petróleo, criando os atuais problemas por que passa o país.
"O principal problema da PDVSA [a petrolífera estatal] é a voracidade fiscal do governo", diz David Voght, diretor-executivo da consultoria IPD Latin America. "A Venezuela se concentrou mais na política do que na eficiência de seu setor petrolífero."
A drenagem dos recursos de investimento da PDVSA para os programas sociais contribuiu, até agora, para manter o apoio ao governo. A maioria dos protestos, mas não todos, ocorreram nos bairros de maior nível de renda do país.
"Para que os protestos sejam eficazes, precisam incluir os pobres", diz o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, membro da ala mais moderada da oposição, que adverte para o erro de criar expectativas de que o governo do presidente Maduro estaria para cair.
Mas economizar em investimentos mata a galinha dos ovos de ouro da Venezuela, aumentando, assim, o risco de agitação social. A queda da produção de petróleo significa menos dinheiro para gastar em produtos importados e, portanto, intensificação da escassez, enquanto a impressão de dinheiro para custear um déficit público cada vez maior alimentou uma inflação de mais de 56%.