01 de fevereiro de 2014 - 10h49

Exército adverte presidente da Ucrânia para pôr fim a protestos no país

Internacional
As Forças Armadas da Ucrânia advertiram ontem o presidente do país, Viktor Yanukovich, em licença médica desde a véspera, para que adote "medidas de urgência" para esvaziar protestos que se acentuaram em praças e prédios públicos de cidades como a capital, Kiev, nos últimos dez dias.
 
 
Em comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa, os militares alertaram para o risco "à integridade territorial" do país caso a contestação persista. Em paralelo, o Parlamento aprovou ontem a suspensão por 15 dias das leis repressivas recém-impostas, que inflamaram a crise iniciada há 71 dias.
 
A nota tem tom inverso ao discurso mantido até aqui pelos militares, que desde 12 de dezembro vinham afirmando que não interfeririam nos protestos. A carta, dirigida "ao chefe supremo das Forças Armadas", ou seja, ao presidente Yanukovich, pede medidas urgentes para "estabilizar o país". "Militares e empregados do Ministério da Defesa julgam inaceitáveis a tomada de assalto de prédios públicos e as tentativas de impedir que o poder exerça suas funções, notando que a escalada da contestação ameaça a integridade territorial", diz o texto.
 
O documento não faz alusão a medidas específicas que são esperadas de Yanukovich, mas ontem a apreensão cresceu em Kiev por temores de que o país possa estar caminhando na direção de um golpe.
 
Os boatos foram reforçados por um outro comunicado governamental, assinado na véspera pelo coordenador-adjunto de Problemas Médicos do Departamento de Estado, Oleksandr Orda, informando que o presidente se afastaria de várias funções do governo em razão de "doença respiratória e febre". A suposta doença de Yanukovich levou o boxeador Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição, a afirmar na quinta-feira que teme a adoção de novas "medidas impopulares".