04 de janeiro de 2014 - 07h49

Duas de três pessoas que se achavam ‘curadas’ do HIV recaíram

Saúde
O ano de 2013 se despediu na área da saúde com uma má notícia: dos três homens que há seis meses se pensava que haviam conseguido erradicar o vírus de seu corpo, em dois o agente patogênico reapareceu, segundo comunicaram seus médicos.
 
Os três casos tinham uma base comum: eram formados por homens que, além da infecção pelo HIV, eram tratados para a cura de uma leucemia. Isso significa bombardear sua medula óssea até quase a sua destruição, e regenerá-la depois com um transplante de células-tronco de medula.
 
O primeiro a seguir esse rigoroso tratamento foi Timothy Brown, o paciente de Berlim, em 2008. Em seu caso foi utilizado para o transplante um tipo de medula cujas células são resistentes ao HIV. Brown foi a primeira pessoa que conseguiu deixar a medicação sem que o vírus desaparecesse.
 
Em julho do ano passado notificou-se que havia outros dois casos parecidos, conhecidos como os dos pacientes de Boston. Em meados do ano, um estava sete semanas e o outro o dobro de tempo sem tomar medicação e, para surpresa dos médicos, o vírus não reaparecia. São esses dois casos os que agora se soube que voltaram a registrar níveis consideráveis de HIV.
 
O normal, como disse ao apresentar os resultados Timothy Henrich, um dos médicos que os tratava, é que uma pessoa infectada que deixe de tomar os antivirais registre uma recuperação em menos de um mês. Isso deve-se ao fato de que a medicação, apesar de todas as suas melhorias, é capaz de eliminar o agente patogênico do sangue e outros fluídos, mas não o erradica.
 
O HIV fica latente nos chamados reservatórios, abrigos biológicos que estão localizados, sobretudo, na medula e no sistema linfático. Ao se retirar a pressão dos fármacos, o vírus reaparece.
 
Nesse caso o processo demorou bem mais, o que indica que o tratamento para a leucemia, que é muito agressivo, conseguiu controlar a replicação do vírus em grande parte, mas não de uma maneira completa. E, como disse Henrich, “basta apenas que reste um exemplar do vírus” para que este volte a se proliferar.
 
Em qualquer caso, o resultado, que não é bom, não foi visto como um grande fracasso pelos autores. A possibilidade de tratar os quase 35 milhões de pessoas portadoras do HIV no mundo com um método tão agressivo e perigoso é inviável, de modo que esses casos eram tomados como um exemplo de que havia a possibilidade de se erradicar o vírus, embora para isso houvesse que desenvolver outro sistema.