
Ensinar é, talvez, uma das formas mais bonitas de acreditar no amanhã.

Quando entrei pela primeira vez em uma sala de aula, há muitos anos, o giz riscando o quadro parecia desenhar não apenas letras, mas caminhos. Eu ainda não sabia, mas cada criança que me olhava com olhos curiosos também me ensinava. Me ensinava a ser paciente, a ser humana, a ser mais forte.
A docência me mostrou que o conhecimento é uma estrada de mão dupla, quem ensina também aprende. Aprendemos a escutar, a respeitar o tempo de cada um, a celebrar pequenas conquistas como grandes vitórias. Aprendemos que o que realmente transforma não é a matéria dada, mas o afeto que a acompanha.
Em tantos anos de carreira, vivi os altos e baixos de uma profissão que exige mais do coração do que de qualquer outra coisa. Houve dias em que o salário mal pagava as contas, mas a gratidão de um aluno mudava tudo. Houve momentos de incerteza, greves, e até períodos sem salário, como vivi no passado junto a tantos colegas de luta. Mas também houve a certeza inabalável de que a educação é o maior patrimônio que podemos deixar às próximas gerações.
A docência me ensinou que cada aluno é um mundo, e que o papel do educador é abrir janelas para que a luz entre. Ensinar é, acima de tudo, um ato de fé, fé nas pessoas, fé na sociedade, fé no poder da transformação.
Hoje, como diretora, escritora e mulher que trilhou muitos caminhos, ainda me reconheço naquela professora do interior, de olhar esperançoso e coração cheio de vontade.
Porque ser professora é mais do que uma profissão, é um jeito de estar no mundo.
E quando olho para trás, percebo que, em cada história contada, em cada palavra escrita, há um pouco da sala de aula que me formou.
Porque, no fim das contas, o que a docência me ensinou foi isso: que ensinar é plantar, e que o tempo, esse sábio jardineiro, sempre faz florescer.
*Jucli Stefanello é professora, advogada, diretora de Clientes da Cassems e autora do livro “Herança de Força”.
