Minha segunda pele, a farda do policial militar do MS

Prestes a completar em outubro/2011 vinte e cinco anos de bons serviços prestados a sociedade através da nossa gloriosa Policia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, sempre procuro dispensar a sociedade o melhor tratamento possível. Vejo que nós Policiais Militares, principalmente os da reserva, reformados como verdadeiros heróis, foram trinta anos lutando contra o crime é sem dúvida um heroísmo sem igual. Devemos lutar para que tenhamos uma aposentadoria digna e tranqüila. Lembrando que, no futuro, nós da ativa estaremos na posição em que eles se encontram hoje.

Sobre a "segunda pele", creio que a farda deve ser motivo de muito orgulho e honra. A atividade Policial Militar nos marca de tal forma que a transição para a reserva deve ser algo difícil. Tenho contato com militares inativos e percebo no olhar deles a saudade do serviço operacional. Muitos me confidenciam a dificuldade em se adaptar a nova vida. A farda deixa marcas que realmente aderem à própria alma, irreversivelmente.

Na verdade, faço tal comparação, ao afirmar Mattoso Câmera, que a metáfora vai além da comparação, e ainda, é entendido por Lacan (1999), “movimento do inconsciente que resiste ao simbólico, situa-se no Real”. Tal esclarecimento serve para evidenciar a profundidade deste texto, bem como deste meu artigo “A segunda pele”. Ao usar essa expressão estou se referindo ao “empenho e compromisso” de um policial. A partir disso, desperta em mim uma reflexão crítica no sentido de perceber a importância significativa de tal metáfora. Acredito que seja necessário repesá-la em qualquer profissão, mas a nós Policiais Militares, somos incondicionais até mesmo, por que: "A farda não é uma veste que se despe com facilidade e até com indiferença, mas outra pele que adere à própria alma, irreversivelmente para sempre" BRASIL 2002 - Cap1. p1)

Ao sentir "A FARDA", como minha “segunda pele” encontro-me com ela, pois a primeira sobrepõe à segunda. Amo a PMMS, e a palavra "DOU A MINHA VIDA EM PROL" continua e continuara existindo enquanto houver sangue nas minhas veias e ar expelindo dos meus pulmões. Sinto-me sem minha farda como se tivesse tirado realmente a minha pele.

Quando chegar a hora da minha reforma e não mais vestir o manto sagrado e sabendo que a segunda pele esta em meu, nossos corações e em nossas almas. Convivo com diversos reformados e alguns quase entraram em depressão, pois se sentiram inúteis. A farda transmite a paixão que sentimos pela correção de condutas e no auxilio dos necessitados, mas na pratica a segunda pele, não tem como descartá-la, nem apos sairmos do serviço ativo.

Admiro os PMs do Rio de Janeiro e de São Paulo, que escondem suas fardas e documentos profissionais de PM. Andar com minha farda escondida numa bolsa prefiro pedir baixa, pois não serei mas digno de ostentar a farda da Gloriosa PMMS. Bandido é que tem que esconder como ratos, eu não nossa, minha farda, pois sendo minha segunda pele, se alguém discorda ou pensa diferente, paciência, esta se encanando.

Uma pena que nós bravios policiais que correm riscos para proteger a sociedade sejamos mal remunerado, e os governos estaduais e federal nada fazem para mudar situação, a projetos -"PEC 300", interesse por parte das autoridades são muito pouco. O perigo na atividade policial é uma realidade cada vez mais presente, mas mesmo assim nós valorosos PMS estaremos sempre prontos para atender ocorrências e proteger a nossa sociedade. Ser policial militar é ter vocação, não é apenas uma simples profissão.

Somente quem está sob a farda sabe realmente o quanto é difícil nossa árdua, porém brilhante, profissão. O que muito me entristecesse é saber que o policial que sempre está preocupado em servir e proteger a sociedade, muitas vezes é denunciado, por pessoas que agem pautadas em pura e total má-fé, acabando por gerar procedimentos administrativos, audiências em juizados e etc. Fatos como esses acabam por prejudicar os nobres colegas de profissão, uma vez que acabam perdendo momentos de folga, junto de seus entes queridos, para estar respondendo por fatos em que a intenção do policial era, única e exclusivamente, de atender ao cidadão de bem com qualidade.

Enquanto os críticos da segurança pública e os direitos humanos dormem, nossos policiais estão se sacrificando por amor ao trabalho, e porque no fundo, trazem consigo desejos de crianças. Sonho de ser Super Herói! Mas nos desenhos, os heróis são aclamados, ovacionados. E em nossa realidade, nossos Heróis são criticados duramente e julgados culpados. Embora seja assim, sempre que tenho oportunidade, enalteço as atuações policiais. Pois creio que é o mínimo que a sociedade deve a esses Heróis; o respeito!

Mesmo sabendo que nós Policiais Militares estaduais, somos submetidos constantemente a pressões, é não saber o que é um final de semana, feriados, é não saber o significado do natal, é viver outra realidade, sempre alvo de ameaças diversas, a qualquer momento dar sua vida em troca da PAZ SOCIAL, é ser mal remunerado e assim por diante. Mas mesmos assim acreditamos em dias melhores, em que a Paz possa ser uma realidade na sociedade, é o amor as pessoas, afinal o Policial também é Pai, é filho, é irmão, tem família, parentes, é um cidadão. As Policias Militares do Brasil, tem que ser reconhecida pelos políticos, pela sociedade, e o único meio para este reconhecimento, é uma forma dos governantes reconhecer os direitos dos Policiais Militares previsto na Constituição Federal, é ter o salários justos, melhores condições de trabalho, qualidade de vida.

Que DEUS na sua bondade infinita possa abençoar e proteger todos nós Policiais Militares que realmente envergam esta linda e inesquecível pele AZUL com AZUL PETRÓLEO.

Valdecir Martins.
Policial Militar – Cb. PM.
Membro da União Brasileira de Escritores – UBE-MS
Bacharel em Adm. de Empresas
Graduado e Pós-Graduado em Estudos de Política e Estratégia pela UCDB/ADESG, XXI CEPE.