
Ainda pouco conhecida pela população em geral, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autoriza optometrista com curso superior realizar exames de vista e prescrever lentes corretivas amplia, consideravelmente, o acesso da população ao diagnóstico sobre a necessidade de óculos ou lentes de contato, possibilitando que ópticas qualificadas possam oferecer um atendimento completo - que inclui consulta, prescrição e, dentre as mais especializadas, a fabricação e entrega dos óculos, reduzindo custos e tornando o processo mais acessível e ágil para os pacientes. Entretanto, para garantir segurança e evitar eventuais serviços amadores ou tecnologias ultrapassadas, o paciente deve privilegiar estabelecimentos com excelente posicionamento de mercado e certificar-se sobre a formação profissional do optometrista que irá realizar o entendimento.
Em um país que apresenta dados alarmantes em relação à saúde ocular, onde cerca de 35% da população nunca realizou um exame de vista por questões de custo, tempo de agendamento ou mobilidade, e com estimativa de que, até os 40 anos metade dos brasileiros precisa de algum tipo de correção visual, com esse índice aumentando para mais de 85% após essa idade, a resolução do STF se configura como uma decisão histórica, ampliando não só o direito constitucional do cidadão de acesso à saúde, como também promovendo a valorização do profissional optometrista e do varejo óptico como um ambiente qualificado para o tratamento ocular.
Outro dado que evidencia a importância da decisão e do incremento da divulgação dessa nova modalidade de atendimento perante a população, é o fato de que apenas 25% dos brasileiros possuem plano de saúde, enquanto os demais dependem do SUS, onde o tempo de espera para obter uma receita de óculos pode se estender, muitas vezes, por meses.
Segundo o Conselho Brasileiro de Óptica e Optometria (CBOO), os optometristas são os profissionais responsáveis pela saúde visual primária, aptos a realizar exames não invasivos para identificar e avaliar deficiências visuais, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, entre outras, e prescrever óculos ou lentes de contato para sua as devidas correções. Também vale destacar que, ao detectar casos de doença ocular que fogem das suas atribuições profissionais, o optometrista orienta o paciente para consultar com um oftalmologista o mais breve possível.
Dessa forma, consideramos fundamental comunicar a população sobre as facilidades dessa nova forma de atendimento, na qual um problema ocular, muitas vezes postergado, pode ser resolvido de maneira rápida e segura em uma óptica de confiança próxima aos consumidores. Outra questão que defendemos é o aumento das campanhas educacionais sobre a importância da realização de exames de vista regulares, especialmente em crianças em tempos de uso excessivo de telas digitais e cuja visão é responsável por 80% do aprendizado na infância, fatos que reforçam a necessidade de um modelo alternativo que garanta acesso imediato e inclusivo à saúde visual.
A liberação da optometria nas ópticas, opção complementar ao sistema de saúde atual que não consegue suprir de maneira ágil e eficaz as necessidades da população em relação à saúde ocular, é uma conquista importante que reforça o objetivo em comum do mercado óptico e dos profissionais de saúde envolvidos que é ajudar as pessoas a verem melhor o mundo através do acesso à saúde visual, garantindo que mais brasileiros possam cuidar da visão com qualidade e segurança.
(*) Jaime Oriol Miranda é presidente da Rede Livo Ótica.

