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ARTIGO

Campo Grande: 126 anos sendo a capital dos encontros, oportunidades e acolhimento

Renato Saravy Diacopulos (*)

23 agosto 2025 - 09h25Por Renato Saravy Diacopulos
Renato Saravy Diacopulos
Renato Saravy Diacopulos - (Créditos: Divulgação/Marista Brasil)

Desde seu nascimento em 1872 (Arraial de Santo Antônio), no encontro dos córregos Prosa e Segredo, Campo Grande carrega sua vocação para unir caminhos. José Antônio Pereira, ao estabelecer seu arraial neste cruzamento de águas, talvez não imaginasse que estava fundando o que se tornaria o maior hub de conexões do Centro-Oeste. A posição geográfica privilegiada , no exato divisor das bacias do Paraná e Paraguai, predestinava esta terra a ser muito mais que um ponto no mapa: seria uma encruzilhada de destinos, oportunidades e possibilidades para quem aqui chegasse.

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O século XX consolidou essa promessa geográfica. Com a chegada da Ferrovia Noroeste do Brasil, em 1914, a pequena vila transformou-se e cresceu. Os trilhos não traziam apenas mercadorias: traziam progresso em vagões e colônias do mundo inteiro, como Okinawa, Japão, sírios, libaneses, turcos e armênios, cada grupo acrescentando novas cores ao mosaico cultural da cidade. A Estação Ferroviária, hoje um patrimônio histórico, foi o desembarque de um novo mundo, em que Campo Grande se projetava para o moderno, transformando o antigo arraial num importante entroncamento comercial.

Nos anos 1970, outro marco: a divisão do antigo estado de Mato Grosso; agora surge Mato Grosso do Sul, efetivamente em 1979, quando Campo Grande foi elevada à condição de capital, coroando sua ascensão como pólo político e administrativo. As rodovias que convergem para a cidade, BR-163, BR-262, BR-060, transformaram-na no principal nó viário da região. E agora, no século XXI, a cidade assume papel estratégico continental como eixo central da Rota Bioceânica, o corredor que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, posicionando Campo Grande no mapa logístico global.

Neste cenário dinâmico, o Colégio Alexander Fleming emerge no ano de 1981. Guiado pelos diretores Dulce Botelho Ferreira, "Tia Dolly", e Sr. Vítor Hugo Bordignon, ao longo desses 44 anos, formaram gerações de grandes profissionais e cidadãos do mundo. Assim como a cidade transformou entroncamentos em oportunidades, a escola transforma potencial humano em realização. Sua evolução — do Colégio Alexander Fleming à incorporação pela Rede Marista — espelha o próprio desenvolvimento da capital: mantendo suas raízes, mas sempre se renovando para enfrentar novos desafios. Como gerações de famílias que se repetem no colégio, pois querem manter a qualidade de ensino, o compromisso com o futuro e as tradições maristas.

Os números atuais impressionam: com mais de 900 mil habitantes, a cidade cresce em ritmo acelerado, mas sem perder seu planejamento característico. O setor de serviços responde por 80% da economia local, com destaque para saúde, educação e tecnologia — um perfil urbano e moderno.

Com o título de "Cidade mais arborizada do mundo" pela 6ª vez consecutiva — prêmio concedido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Fundação Arbor Day —, destaca-se pelas áreas verdes que exemplificam a qualidade de vida. Segundo o Instituto de Progresso Social (IPS), dentre as capitais brasileiras, Campo Grande aparece em 2º lugar como a cidade de melhor qualidade de vida.

O aniversário de Campo Grande (MS) é celebrado em 26 de agosto, marcando a data de fundação da cidade. Às vésperas de completar 126 anos desde sua emancipação, em 1899, Campo Grande, "nossa terra morena", consolida-se como síntese do melhor do Brasil Central: acolhedora como uma cidade do interior, mas dinâmica como metrópole; enraizada em suas tradições, mas com os olhos voltados para o futuro. Uma capital que nasceu para conectar — pessoas, culturas, economias — e que segue escrevendo sua história no cruzamento de todos os caminhos.

(*) Renato Saravy Diacopulos é Geógrafo e licenciado pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), com mestrado em Desenvolvimento Local (UCDB) e especialização em Mobilidade Urbana e Trânsito. Complementou sua formação em Engenharia Urbana na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Atua como docente na Rede Marista e na Rede Municipal de Ensino de Campo Grande desde 2015, com ampla experiência em educação básica. Foi colaborador no Programa Internacional Erasmus Mundus STeDe e assessor técnico em programas de mobilidade acadêmica. Palestrante internacional sobre cultura, território e diversidade, integra o Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Territorial Sustentável da UCDB, focando em mobilidade urbana, desenvolvimento regional e políticas públicas.

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