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ARTIGO

Abismo entre fé e religião

Ronailde Braga Guerra (*)

21 agosto 2025 - 09h25Por Ronailde Braga Guerra
Ronailde Braga Guerra
Ronailde Braga Guerra - (Foto: Divulgação)

“Deus, eu perdoo os Teus pecados!” é como termina o desabafo sobre como o cansado mostrara mostrara seu impacto no ato de busca de comunhão com Deus, pois a oração feita ao deitar fica subvertida e, às vezes, nem é concluída. Apesar de não intencional, o erro na prece leva a pensar em como se pode facilmente culpar Deus pelo resultado das nossas escolhas, e vamos, como escreveu C. S. Lewis, pondo Deus no banco dos réus.

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Uma destas escolhas é se deixar entrar no automático durante a participação dos protocolos que a igreja segue no culto — o que chamamos de doutrina ou religião — pois, por necessidade de ordem na instituição humana, criam-se sistemas onde nos encaixamos e vamos nos deixando levar pelo hábito.

Esta é a armadilha da religiosidade. Começa pequeno, mas logo vira um abismo entre fé e religião.

É o fazer por fazer, sem que o ato produza reflexão, autoavaliação ou cuidado em quem o executa. É o imitar o que a congregação faz, sem inclinação sincera em participar do movimento. É o ir à igreja só porque toda família vai e não se quer ficar para trás.

Mas termina-se por ficar para trás. Em muitos casos, termina-se em fugir dos protocolos, aumentando a igreja que mais cresce hoje: a dos desigrejados.

Pois se não há fé na obra que se faz, esta obra é tão morta quanto quem a faz. E assim é que muitos vão à igreja, apenas seguindo rituais, presos na rotina e mortos, tal qual aqueles a quem Deus exortou e, ao vir ao mundo, chamou de sepulcros caiados. E chamou-os também de hipócritas, pois faziam o que fora estabelecido por Ele por meio da lei, mas só porque outros os olhavam, sem olharem ao motivo para tais rituais: manter comunhão com Deus.

Em um paralelo, é como escovar os dentes sem saber do objetivo: preservar a saúde bucal. Esta é a situação da criança enquanto os pais ensinam ou escovam por ela, que cumpre o rito e colhe o benefício dele. E este é o papel dos protocolos no começo: ensinar. Aos adultos, seguir escovando sem pensar no porquê é uma escolha pessoal.

E é da falta de se considerar os porquês e de buscar sabedoria e respostas em Deus que cresce o abismo ‘religiosidade’ entre a fé e a religião verdadeira, cujos ritos nos servem de lembretes de que, na busca da saúde espiritual, vale a pena “nos escovarmos” mais que três vezes ao dia, mesmo quando, ao fim dele, o cansaço nos faz tropeçar na oração.

Afinal, Deus perdoou e ainda perdoa nossos tropeços. Já a hipocrisia…

(*) Ronailde Braga Guerra é escritora e assina como R. B. Guerra. Autora cristã, publicou os livros “Guardiã – Despertar” e “Filhas da Ira”.

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