
Nenhum milagre é atribuído a São João Batista, mas sua importância para o cristianismo é profunda. Celebrado hoje (24), João é reconhecido como aquele que preparou o caminho para Jesus Cristo e difundiu o batismo como símbolo de arrependimento, nas águas do rio Jordão.

Segundo os evangelhos, João nasceu seis meses antes de Jesus, filho de Isabel e Zacarias — prima e tio de Maria, mãe de Cristo. Mesmo em idade avançada, Isabel engravidou após Zacarias receber a visita do arcanjo Gabriel, que anunciou que o menino seria um profeta. Por duvidar da profecia, Zacarias ficou mudo até o nascimento da criança, retomando a fala apenas quando confirmou que o nome do bebê seria João.
João Batista cresceu como pregador e ganhou notoriedade ao usar o batismo como prática de fé. A imersão na água simbolizava o arrependimento e a transformação de vida. Foi ele quem batizou Jesus no rio Jordão, episódio no qual os evangelhos registram a aparição do Espírito Santo em forma de pomba e uma voz dos céus declarando: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.
Mais tarde, João foi preso pelo governante romano Herodes Antipas após condenar publicamente o relacionamento do rei com Herodias, mulher de seu irmão. Durante uma festa, a jovem Salomé dançou para Herodes e, influenciada pela mãe, pediu a cabeça de João Batista em uma bandeja. O pedido foi atendido, marcando o martírio de um dos mais influentes personagens bíblicos.
Banho de São João leva multidão às margens do rio Paraguai e celebra mais de 140 anos de devoção - Foto: Clóvis Neto - Ayrton Benites/PMC
Fogueiras e fé: o legado de João em solo sul-mato-grossense - Em Mato Grosso do Sul, a devoção a São João se mantém viva não apenas pela tradição religiosa, mas também pela força cultural das festas juninas. Municípios como Corumbá, Ladário, Campo Grande e Bonito realizam celebrações que misturam fé, música, comidas típicas, danças e, claro, as tradicionais fogueiras — símbolo que remete ao anúncio feito por Isabel a Maria, segundo a tradição cristã.
Corumbá, por exemplo, é palco de uma das festas mais emblemáticas do Estado: o Arraial do Banho de São João, que aconteceu ontem (23), às margens do rio Paraguai. A celebração, que tem origem no século XIX, mistura elementos religiosos e folclóricos. A imagem de São João é levada pelos fiéis até o rio, onde ocorre um ritual de "banho" como forma de benção. O evento é considerado patrimônio cultural imaterial de Mato Grosso do Sul.
Na Capital, as festas são realizadas por escolas, igrejas e comunidades. Além de relembrar a vida e a fé de João Batista, os festejos juninos ajudam a preservar tradições culturais e reforçam o sentimento de identidade regional. Com forte presença das influências nordestinas, sul-mato-grossenses celebram o santo com devoção e alegria, reafirmando sua importância tanto no campo espiritual quanto no social.
