
O documentário "Sabores Sem Fronteiras", dirigido por Elis Regina Nogueira, traz à tona a rica troca cultural que acontece nas regiões de fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai. Gravado nas cidades de Corumbá, Bela Vista e Ponta Porã, e suas respectivas cidades vizinhas, o projeto explora como a culinária local reflete a convivência, a miscigenação e a identidade desses territórios fronteiriços.

O foco do documentário está em quatro personagens principais: duas delas na região de Corumbá e Bolívia, em que história de vida e receitas tradicionais são contadas ao longo do filme. O trabalho destaca pratos típicos como chipa, sopa paraguaia, majadito, saltenha e massaco boliviano, mostrando como esses pratos sintetizam as influências culturais e os saberes culinários compartilhados entre Brasil e seus vizinhos.
O documentário "Sabores Sem Fronteiras" registra a riqueza cultural e gastronômica das regiões de fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai - (Foto: Dafne Godoy)
Culinária como patrimônio e expressão de identidade - O documentário não só valoriza a comida como patrimônio imaterial, mas também como uma forma de expressão de identidade e pertencimento.
O foco do documentário está em quatro personagens principais: duas delas na região de Corumbá e Bolívia, em que história de vida e receitas tradicionais são contadas ao longo do filme - (Foto: Dafne Godoy)
"Cada cidade nos revela um universo de sabores e histórias, mas é nas personagens que encontramos a verdadeira riqueza dessas fronteiras. Aqui em Corumbá, por exemplo, conhecemos Candelária Lemos, que aprendeu com sua mãe, dona Arialba, a preparar a saltenha boliviana receita que ela mesma adaptou, com menos açúcar e mais pimenta. Trabalhando numa padaria em Coxim, Dona Arialba manteve a tradição por 40 anos, e agora vê sua filha dar continuidade ao legado da receita. É esse movimento - o respeito à herança e a liberdade de reinventar - que torna a culinária um registro histórico vivo", conta Elis Regina.
Na Bolívia, a história de Martha Parabá Salvatierra também marca o documentário, pois, apesar das dificuldades da vida cotidiana como faxineira e produtora de marmitas, ela mantém vivas suas raízes, garantindo à sua família pratos típicos como o massaco de banana verde, que ela ensinou até mesmo ao neto de apenas 8 anos.
A estreia do documentário está prevista para maio de 2026 e será exibida em festivais, escolas, universidades e em plataformas digitais. Como parte do projeto, também será lançada uma cartilha interativa em formato e-book, com trechos do filme, materiais complementares e reflexões sobre o papel da comida na construção cultural dos povos, com foco em educadores e estudantes.
