Num mundo dominado por tendências passageiras e roupas descartáveis, uma marca de Dourados, a 250 km de Campo Grande, decidiu desacelerar. Rass Brasil, comandada por Barbara Palomanes, não só ignora o ritmo frenético do fast fashion, como também transforma a moda em manifesto cultural. Suas peças, duradouras e carregadas de referências ao Mato Grosso do Sul, são como pequenas declarações de pertencimento e resistência.
Barbara não começou ontem. Aos sete anos, aprendeu crochê. Aos 11, tricô. Aos 18, já fazia moda praia em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, onde nasceu. Mudou-se para Mato Grosso do Sul aos 25, mas foi apenas aos 45 que decidiu voltar para a moda. Não por ambição, mas por necessidade pessoal: queria roupas confortáveis, atemporais e que fugissem do óbvio.
O que começou como um hobby logo se transformou em negócio. “Eu fazia minhas roupas, e as amigas começaram a pedir. Depois vieram as amigas das amigas. Quando vi, estava atendendo uma demanda que nem sabia que existia”, conta Barbara. Hoje, a Rass Brasil ocupa uma loja física em Dourados, um e-commerce e espaços nas redes sociais, onde exibe suas coleções que misturam simplicidade, sofisticação e uma identidade muito bem definida.
Costurando histórias regionais - Se a moda pode contar histórias, Barbara decidiu que a dela seria sobre o Mato Grosso do Sul. As coleções da Rass Brasil trazem estampas de lobos-guará, cocares indígenas e até os pores do sol pantaneiros. A fauna, a flora e os artistas locais – de Manoel de Barros a Conceição dos Bugres – inspiram cada detalhe.
“Eu nasci no Rio, mas visto a camisa de Mato Grosso do Sul. Temos uma riqueza cultural imensa que merece ser explorada e exibida. Mostrar essa diversidade é uma forma de valorizar nossa terra e nossa gente”, explica.
Além das referências culturais, a marca aposta em tecidos de alta qualidade que garantem durabilidade. Nada de roupas que desbotam ou desfiam após poucas lavagens. Para Barbara, é uma questão de responsabilidade. “A moda precisa desacelerar. Minhas peças não são descartáveis porque acho que já temos lixo suficiente no mundo”, afirma.
No centro, a empresária Barbara Palomanes, expõe peças produzidas vestidas por modelosSebrae e os desfiles que mudaram tudo - Em 2023, Barbara encontrou no Sebrae Delas, programa de apoio a mulheres empreendedoras, uma oportunidade de transformar a Rass Brasil. “Antes, eu fazia tudo sozinha, mas não sabia como organizar a parte administrativa. O Sebrae me ensinou a olhar para o negócio com mais estratégia”, conta.
Com o suporte do Sebrae, Barbara levou suas criações para eventos importantes, como o MS Fashion Week e a Feira do Empreendedor, em São Paulo. “Foi transformador. Mostrar a cultura de Mato Grosso do Sul em outros mercados me deu uma nova visão. Vi o quanto podemos ir longe quando temos apoio.”
Os desfiles e eventos também marcaram a superação de um momento pessoal difícil: o divórcio. “No meu pior momento, o Sebrae acreditou no meu trabalho. Então, encontrei forças para me dedicar à Rass Brasil e transformar a dor em energia criativa”, revela.
Renovação à vista - Com sete anos de história, a Rass Brasil não pretende parar. Para 2025, Barbara planeja renovar a marca, investir em novos cursos e adaptar suas estratégias às demandas do mercado. “Aprender nunca para. O Sebrae me ensinou isso. Precisamos estar em movimento para crescer”, conclui.
