
O bairro Amambaí, o mais antigo de Campo Grande, é um marco histórico que testemunhou e contribuiu para o desenvolvimento da Capital sul-mato-grossense ao longo de seus 102 anos. Com um traçado urbano peculiar, inspirado em cidades italianas e desenhado por Camillo Boni, o bairro reflete a arquitetura e a organização urbanística dos anos 1920, mantendo até hoje elementos que o diferenciam de outras regiões da cidade.

O segundo episídio da série de minivídeos "CelebrandoCG", mostra que o bairro foi inicialmente concebido para atender à demanda habitacional dos militares, o que influenciou diretamente o perfil de seus primeiros moradores e a estrutura do bairro.
“O bairro Amambaí tem uma história profunda que se confunde com a própria história de Campo Grande. Ele foi planejado para abrigar as famílias dos militares e operários, o que conferiu a ele uma identidade própria, fortemente ligada ao crescimento da cidade”, explica Rosane Nely, presidente da Associação de Amigos e Moradores do Bairro Amambaí.
O bairro também é conhecido por seus diversos locais históricos. Entre eles estão a Praça das Araras, a Morada dos Baís, o Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Escola Maria Constança de Barros, o Mercadão Municipal, o Círculo Militar, entre outros.
Caminhar pelas ruas do Amambaí é como fazer uma viagem no tempo. As ruas, muitas delas com nomes de heróis militares e figuras históricas como Amando de Oliveira, Guia Lopes e Coronel Camisão, ou ainda com nomes de raízes indígenas como Terenos e Poconé, são testemunhas silenciosas de um passado que se mantém vivo na memória de seus habitantes. “Nosso bairro é um dos poucos que ainda preserva o traçado em ‘pata de ganso’, algo que é muito raro e particular”, destaca Rosane.
O bairro Amambaí também é um importante polo de instituições educacionais e culturais. A Escola Maria Constança de Barros Machado, instalada em um prédio projetado por Oscar Niemeyer, foi um dos primeiros espaços a abrigar a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O bairro também é lar da Universidade Católica Dom Bosco, fundada em 1960, além de várias escolas técnicas do SENAI e SENAC, que continuam a formar profissionais capacitados para o mercado local.
Culturalmente, o bairro é um celeiro de talentos e tradições. O grupo Acaba, uma das bandas mais tradicionais de Mato Grosso do Sul, nasceu aqui, assim como a cantora Delinha, que deixou um legado imortalizado em sua casa, ainda localizada no bairro. “O Bairro Amambaí sempre foi um berço cultural. Grandes nomes da música de Mato Grosso do Sul começaram suas carreiras aqui, e essa riqueza cultural é algo que tentamos preservar e valorizar”, afirma Rosane.
Além de ser um centro cultural, Amambaí abriga várias instituições públicas e privadas de grande importância. Entre elas, destacam-se a sede do Tribunal de Justiça Militar, a Escola de Governo, a Secretaria de Assistência Social (SAS), e a sede da Assetur, Associação dos Concessionários do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande. Estas instituições não apenas proporcionam serviços essenciais à população, como também ajudam a manter o bairro vibrante e economicamente ativo.
O bairro é também a sede de 70% dos leitos da rede hoteleira de Campo Grande, o que o torna um ponto estratégico para o turismo e o comércio. Hotéis de todas as categorias, próximos ao aeroporto, fazem de Amambaí um local de grande movimentação, especialmente para quem visita a cidade a negócios ou para eventos.
A Praça das Araras é um dos pontos de destaque do bairro. Conhecida pelas imponentes esculturas de araras, a praça é um símbolo da conexão do bairro com a natureza e a cultura local. Rosane Nely comenta sobre a importância do espaço: "A Praça das Araras é um verdadeiro ícone do Amambaí. As esculturas representam não apenas a fauna da nossa região, mas também a história e a tradição do bairro. É um local de encontro para moradores e visitantes, que vêm aqui para apreciar a arte, a tranquilidade e a beleza do ambiente. A praça é um orgulho para todos nós e simboliza a resistência e a preservação de nossa identidade cultural em meio ao crescimento urbano."
“Fazer parte da história de Campo Grande é uma grande satisfação. A churrascaria Nossa Querência cresceu junto com a cidade e ver Campo Grande completar mais um aniversário enquanto nós também celebramos mais um ano de existência é um orgulho. Continuaremos sendo parceiros da cidade, recebendo tanto moradores locais quanto viajantes que escolhem nossa casa para suas refeições”, comenta Júlio Galeano, proprietário da churrascaria Nossa Querência, que há 44 anos serve os moradores do bairro.
Com a revitalização da antiga rodoviária, o bairro espera resgatar parte do movimento e da vida que outrora fazia parte de sua rotina. “A antiga rodoviária era o coração do bairro, um ponto de encontro para quem chegava e partia de Campo Grande. A revitalização desse espaço é fundamental para trazermos de volta esse espírito de convivência e integração que sempre marcou o Amambaí”, conclui Rosane Nely.
A série "CelebrandoCG" e outras reportagens especiais estão disponíveis no Instagram do portal A Crítica: @acriticadecg. Confira a reportagem de Iury de Oliveira e Rafael Rodrigues:
