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ANIMAIS DOMÉSTICOS

ONGs da Capital vêm encontrando dificuldades para lidar com as despesas durante a pandemia

O Light trouxe a realidade de algumas ONGs da Capital, que ajudam no resgate de animais em situação de rua

27 setembro 2021 - 11h40Nathalia Alcântara
Pet em lar temporário
Pet em lar temporário - (Foto: Arquivo pessoal)

Em Campo Grande, é possível notar uma quantidade elevada de animais abandonados nas ruas. Segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), não há números oficiais exatos de gatos e cães em situação de rua, porém, o órgão recebe uma média de 200/250 animais por mês, dentre eles, abandonados ou perdidos. Pensando nisso, o Light trouxe a realidade de algumas Organizações não Governamentais (ONGs) de Campo Grande, que ajudam no resgate desses animais.

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A ONG Abrigo dos Bichos foi fundada em 2001, pela médica veterinária Maria Lúcia, e um grupo de membros das entidades classistas da Medicina Veterinária. “Conversando com colegas veterinários, decidimos fundar o Abrigo dos Bichos, o que foi concretizado em solenidades alusivas às comemorações da Semana Veterinária promovidas pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul – CRMV/MS e pela Sociedade Sul-Mato-Grossense de Medicina Veterinária – SOMVET, em 10 de setembro de 2001”, explica Maria Lúcia.

“A missão do Abrigo dos Bichos é: preservar a saúde pública respeitando a vida animal. A visão é: ser referência no amparo aos animais numa sociedade mais consciente da guarda responsável”, ressalta a fundadora.

Atualmente, a ONG não possui canil e nem gatil, mas conta com lares temporários para os animais, que são acolhidos pela população campo-grandense, até o período da adoção. “Os animais são enviados para recuperação em clínicas veterinárias e, após alta, encaminhados para lares temporários onde ficam até serem adotados em alguma de nossas feiras de adoção”, explica.

Animais resgatados em lar temporário - (Foto: Arquivo pessoal)

Em entrevista, Maria Lúcia enfatiza que a ONG é mantida por meio de doações, sejam elas, por valores em dinheiro, produtos como ração, medicamentos, materiais de limpeza e "vaquinhas" solidárias.

No entanto, a fundadora esclarece que estão passando por um momento difícil ocasionado pela pandemia, e pelo resgate de quarenta cães em estado de calamidade no ano de 2019. “Após a apreensão conjunta da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (DECAT) e do CCZ, em 23/09/2019, do caso dos "40 Cães da MS-040", da raça Foxhound-americano, somado ao advento da pandemia, a ONG está passando por um momento muito difícil. Inclusive, tivemos que suspender resgates por conta dos débitos dos animais muito debilitados, apresentando inúmeras doenças. Alguns morreram com problema hepático e outros com comprometimento renal, apesar de toda assistência e comendo apenas ração específicas (e caras). Dos cerca de R$100.000,00 gastos em clínicas, ainda devemos cerca de R$20.000,00 na clínica Bourgelat. Estamos com resgates suspensos até a quitação total dos débitos”.

Um dos animais resgatados pela ONG Abrigo dos Bichos (Foto: Arquivo Pessoal)

O projeto de Lei nº 1.095/2019, obteve um avanço em sua redação original, modificou-se para a Lei Federal n° 14.064/2020 (Lei Sansão), incluindo além da Lei de crimes ambientais, uma parte para cães e gatos. E além disso, aumentou o castigo para os maus tratos, onde a pena chega a cinco anos de reclusão, perda do animal e multa. Dentre os exemplos de maus tratos se enquadram o abandono de animais, moradias em locais inóspitos, mutilação, entre outros.

Apesar da penalização, diversos animais ainda são abandonados e estão em situação de rua. A ONG Amicat´s, foi idealizada e fundada pela médica dermatologista, doutora Ana Cristina, e é responsável pelo acolhimento de felinos, tendo sua atenção e cuidados voltados aos gatos.

Doutora Ana Cristina e os animais resgatados (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com a bióloga Flávia Yokoo, integrante da diretoria da ONG, apesar da instituição ter o intuito inclinado aos gatos, não se prende a isso, quando a questão é ajudar. “Mesmo que a ONG seja voltada para gatos, é claro que não vamos fechar os olhos se acabarmos vendo um cachorro numa situação difícil, como é o que a gente faz, sempre estamos postando pedidos de ajuda para lar temporário ou lar definitivo para cachorro também”.

Atualmente, a ONG é mantida por doações, tanto dos voluntários quanto da população. Os custos com remédios, sacos de ração, atendimentos e todas as necessidades dos animais são supridos por meio de “vaquinhas” solidárias através das redes sociais. Contudo, Flávia afirma que o retorno acaba não suprindo toda a demanda gerada pela ONG. “A gente não tem muito retorno, só em casos assim que promovem muita comoção. Gatos que foram maltratados, resgates de gatos que estão numa situação deplorável, esses casos que são pontuais, a gente acaba tendo um retorno maior. Mas, geralmente o custo em sua grande maioria é a doutora Ana que acaba tendo”, explica.

Os pedidos de ajuda que a ONG recebe são inúmeros, Flávia comenta que estão passando por um momento de dificuldade atualmente, em sua maioria ocasionados pela Covid-19. “A gente está passando por um momento bem complicado, de estar praticamente zerado o estoque de ração. E, por conta da pandemia também, as doações caíram muito, e os pedidos de ajuda só aumentam. Se formos colocar na probabilidade para cada cem pedidos de ajuda, nós temos um ou dois de doações. São muito mais pedidos de ajuda do que doações para a ONG, e nós estamos passando por um momento muito crítico de não poder mais resgatar animais, por exemplo, porque não temos condições financeiras mais”.

Pensando em colaborar com algo em nível social, durante a pandemia, quatro amigos, dentre eles João Otávio, Letícia Vismara, Lorena Albuquerque e Guilherme Ribeiro, fundaram um projeto nomeado LivrAUria, onde todo valor arrecadado com a venda de livros é designado para ONGs e protetores individuais da Capital. “A LivrAUria ela surgiu em julho de 2020, foi logo no começo da pandemia, com a ideia de ocupar um pouco nossa cabeça, de poder colaborar algo em nível social. Então, resolvemos criar um projeto 100% voluntário que vende livros usados por um preço bacana e mais acessível, no qual todo valor é destinado a ONGs, instituições e protetores individuais que cuidam de animais abandonados e vítimas de maus tratos”.

Equipe do projeto LivrAUria (Foto: Arquivo Pessoal)

Um dos fundadores, João Otávio explica que a cada mês são estipuladas ONGs diferentes para ajudarem. “Nós ajudamos de acordo com os meses, a cada mês escolhemos uma ONG ou um protetor individual específico para fazer as vendas destinadas a eles. Então, por exemplo, no mês de julho de 2020, que foi nosso primeiro mês, nós escolhemos o Instituto Guarda Animal, e todo valor foi destinado para eles. Nós também já ajudamos aí a Proteção Felina, Amicat´s, Abrigo dos Bichos, Cão Feliz, Pedacinho do Céu, e outras ONGs também. Esses valores, não entrega em dinheiro, a gente pede para que por exemplo, qual a necessidade do momento de cada um, se é pagamento em dívida de clínica, se é ração, se é remédio, alguma conta, e a gente exerce esse pagamento para poder beneficiá-las também”.

O projeto possui pontos de coleta em diversas regiões da capital, e recebe doações de todos os livros, onde após higienização e triagem, são vendidos os que estão em condição de uso, e os que não estão, passam pela reciclagem e o valor retirado também é destinado à causa animal. “Os livros de venda proibida e alguns outros livros nós destinamos para esses projetos como caráter de doação mesmo. Os livros que não estão em condições de uso, as vezes por estar faltando página, apostilas rabiscadas, nós destinamos a reciclagem, e todo valor que é vendido na reciclagem, nós destinamos a causa animal. Então é um projeto consciente, é um projeto que busca não apenas a venda de livros, mas também a questão da reciclagem, de uma segunda chance, para os livros e também uma segunda chance para os animais”, afirma João Otávio.

As vendas dos livros acontecem por meio da rede social Instagram, e de um espaço compartilhado cedido pela Dog & Friends, onde estão algumas unidades de livros. Ademais, são realizadas feiras de exposição de livros e campanhas em escolas para a movimentação do projeto.

Bancada em ação para o projeto - (Foto: Arquivo Pessoal)

Se você se interessou por algum dos projetos e deseja doar com alguma quantia ou produto, entre em contato com o telefone das instituições referidas, ou envie um direct no perfil do Instagram e faça sua doação.

ONG Abrigo dos Bichos - (67) 9 8406 - 2288
ONG Amicat’s - (67) 9 9335 - 5676
Projeto LivrAUria - (67) 9 9205 - 6609

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