
Sonhar e realizar o sonho. Foi isso que a fisioterapeuta Christiane Archanjo, 37, fez junto de sua mãe Olinete. Juntas, elas abriram um ateliê com peças feitas à mão no meio da pandemia. Um tempo depois da abertura do ateliê, a mãe de Christiane faleceu em decorrência da Covid-19, e mesmo sendo difícil, ela resolveu continuar e deixar o legado daquilo que começou ao lado de sua mãe.

“Quando começou a pandemia minha mãe tinha acabado de se aposentar e eu me afastei do trabalho na clínica, pois sou do grupo de risco. Eu e ela sempre gostamos muito de artesanato, na minha infância, ela costurava, restaurávamos móveis antigos de casa, e em viagens para São Paulo anos atrás comecei a ver santos estilizados e nós aprendemos a fazer”, contou ao Light.
O tempo foi passando e a pandemia continuava. Foi quando Christiane e sua mãe começaram a rever coisas que estavam guardadas e pensaram em voltar a mexer com artesanato.
“No meio da pandemia, eu fiz uma santinha e dei para uma amiga e depois para outra amiga e as encomendas foram surgindo. Eu e minha mãe se empolgamos e começamos a fazer cursos para se especializar. Foi assim que nasceu o ateliê, iniciamos na varanda da casa dela e depois montamos dentro do meu antigo quarto na casa da minha mãe”, comentou.
Santinha feita por Christiane para a mãe
Para Christiane, a pandemia veio como uma oportunidade de abrir um negócio com o artesanato, que tanto ela como a mãe amavam. Com essa paixão, o trabalho foi gerando frutos e elas aproveitaram, sempre trabalhando em parceria.
“Nunca pensamos que iriamos abrir um negócio, começamos apenas para passar tempo, mas conforme a procura foi surgindo, fomos profissionalizando o negócio. Em dezembro eu tive uma procura muito inesperada, foram muitas encomendas. Depois disso, alugamos uma sala e montamos o ateliê em janeiro deste ano”, explicou.
No ateliê são produzidas peças feitas à mão, adornos religiosos, canecas e porcelanas. “A nossa peça principal do ateliê, são as imagens customizadas, que foi da onde a gente começou. Depois vem um enfeite que chamamos de medalhão, que é um enfeite voltado para o religioso, as porcelanas personalizadas também são um sucesso”, ressaltou.
Algum dos trabalhos de Christiane
Sobre os feedbacks que recebe pelo trabalho, Christiane afirma que sente que neste cenário de pandemia todos estão em busca de algo, que ela acredita ser um resgate da fé.
“Acredito que o mundo está carente de receber boas energias. Acho que o nosso trabalho vai muito ao encontro disso. Quando eu faço uma Nossa Senhora Aparecida para dar para a mãe de alguém eu sei que ela está carregando naquele presente, bons sentimentos, a esperança de um futuro melhor, amor, carinho e afeto. Entrego muitas encomendas para quem passou por momentos difíceis, para mulheres que estavam querendo engravidar e conseguiram”, comemorou.
Neste ano, Christiane e seus pais testaram positivo para a Covid-19. Infelizmente, ela acabou perdendo o pai e a mãe em decorrência da doença. Com isso, ela passou a não querer ir mais no ateliê, mas depois de um tempo, resolveu retomar tudo que construiu ao lado de sua mãe.
Chris e sua mãe
“Acho que aquela dor vai passando e a gente percebe que temos que dar continuidade na nossa vida. Eu pensei que ela ia ficar muito feliz se eu continuasse com os planos que a gente tinha feito juntas. Vendi a minha clínica e hoje estou me dedicando somente ao ateliê”, afirmou.
“Vou continuar pelo exemplo que a minha mãe era para mim, sempre foi uma mulher muito forte, guerreira, independente e determinada. Eu cresci vendo minha mãe conquistando o que ela queria. Quero ser forte para os meus filhos, como minha mãe sempre foi para mim. Para mim é difícil todos os dias, é aquela balança de sentir o meu luto, mas de também lutar para não me entregar ao luto”, finalizou.
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