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Atualmente, Campo Grande possui 151 crianças acolhidas, segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). Casas como o Centro de Apoio e Orientação à Criança Lar Vovó Miloca ajudam na proteção e cuidado com estes menores. Fundado em 1986, o local foi lar de mais de 500 crianças.

A presidente do Lar Vovó MIloca, Josefa Rosa de Andrade, conta que coordena o local há 23 anos e durante sua jornada, todos os acolhidos encontraram suas famílias antes de completarem a maioridade. "Já tivemos casos de famílias que adoram dois adolescentes. Durante a pandemia a adoção deu uma estagnada, mas eu não me preocupo com isso porque acho que as coisas acontecem naturalmente. Sei que isso pode acontecer um dia e quando for, vamos conduzir a situação da mais mais humanizada possível, o que é uma postura indispensável aqui", afirma.
A presidente do Lar Vovó MIloca, Josefa Rosa de Andrade
De acordo com a legislação brasileira, condutas de maus tratos, abandono e violência sexual geram a perda do poder familiar. “Quando recebemos uma criança, vamos até sua casa de origem, para conhecer a família, saber o que aconteceu, quais são as intenções deles e se possuem condições de receber de volta. Não é só minha equipe que faz esta checagem, o juizado da infância e o conselho tutelar também vão. Então se fica decidido que a criança precisa ir para o sistema de adoção, é porque não tem outra alternativa saudável para ela”, explica Josefa.
Todas as sextas-feiras, às famílias que possuem processo de guarda em aberto, podem realizar visitas. Durante a semana a casa segue uma rotina de atividades que estimula a saúde física e emocional da criança. Acompanhamento psicológico, médico e assistência nas áreas que forem necessárias, enquanto o juizado trabalha no processo da família.
“Os maiores fazem judô pela manhã. No período da tarde todos vão para escola. Cada um faz acompanhamento psicológico e social individualmente. Acordam às 7h, tomam café da manhã, os pequenos um lanche às nove, almoço às 11h… É uma casa com uma família numerosa, então tem regras para que tudo fique nos conformes. É claro que tudo pode ser negociado, mas dá para deixar tudo se não todos querem tudo também”, relata Josefa.
A capacidade do local é de 05 bebes e 15 crianças
Josefa comenta que para facilitar a integração da criança nas escolas, um acordo foi feito com intuições escolares que são próximas ao Centro. Assim, sempre que um acolhido é encaminho ao lar, ele terá uma vaga garantida na rede ensino, independente do ano letivo. "São três escolas que se colocaram à disposição para nos ajudar. Colocamos todos no período vespertino para que o motorista leve todos juntos. Se a criança chega aqui matriculada em outra instituição nós pedimos transferência e se ela não está estudando, nos matriculamos”, garante.
A capacidade do local é de 5 bebês e 15 crianças. O Lar Dona Miloca atende tanto crianças que estão em processo de adoção, quanto aquelas que passam por processo de guarda familiar, por isso a permanência dos menores, no centro, pode variar de uma semana a três anos. “Cada caso é diferente do outro.Tem parentes que nem aparecem aqui, não procura ou quer saber. A preferência é da família biologia, mas estas famílias nem sempre vão ter jeito de pegar a criança de volta. Então o processo dela fica travado. O parente vai na defensoria, busca advogado e a situação se enrola por anos”, lamenta a presidente.
O perfil das crianças que são adotadas de imediato são as que possuem até três anos, sejam filhos únicos e de sexo feminino
Quem deseja adotar, precisa realizar um curso, com duração de dois meses, oferecido pelo Estado. Depois abrir de um processo judicial de habilitação, onde o juiz irá decidir se está pessoa está apta ou não para receber a criança, por meio da avaliação dos resultados obtidos no curso, avaliação psicológica e sociais. Sendo concedido à habitação, os dados dessa pessoa entram para o sistema nacional de adoção e coloca o perfil da criança desejada.
Segundo Josefa, o perfil das crianças que são adotadas de imediato são as que possuem até três anos, sejam filhos únicos e de sexo feminino. Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) revelam que cerca de apenas 27% das crianças acolhidas na Capital estão abaixo dos três anos, 59% são meninas e 44% não possuem irmãos.
Casos onde a criança retorna para as casas de acolhimento são comuns, muitos pais adotivos e menores não se conectam ou não se adaptam a uma nova rotina, causando um rompimento na adoção. De volta ao centro, a conduta tanto dos profissionais no local, quanto a solicitada às crianças, é de não comentar ou questionar o retorno. A criança é realocada na sua cama de origem e segue com suas atividades como antes.
O Centro de Apoio e Orientação à Criança Lar Vovó Miloca é mantido por convênios disponibilizados pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS) e eventos sociais para arrecadação de fundos. As doações são aceitas, mas é necessário entrar em contato com a instituição primeiro, no número 67 3386-585, para conhecimento das regras para cada ajuda, além de agendar data e hora de entrega no local. Rua Senador Queirós, 510 - Jardim Leblon.
