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20 ANOS DO IHP

Instituto Homem Pantaneiro completa 20 anos

Fundada em 2002 em Corumbá, a instituição atua na conservação e preservação do Bioma do  Pantanal e da cultura local

31 março 2022 - 15h00Patrícia Martins
A ideia é que possamos chegar em mais fazendas dialogando para a preservação das onças, afirma  Ângelo Rabelo, diretor do IHP
A ideia é que possamos chegar em mais fazendas dialogando para a preservação das onças", afirma Ângelo Rabelo, diretor do IHP - (FOTO: Divulgação/ IHP)

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Fundado em 2002 em Corumbá, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), está completando 20 anos de atuação, trabalhando na conservação e preservação do Bioma do Pantanal e da cultura local. Dentre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, desenvolvimento de pesquisas e promoção de diálogo entre os atores do Bioma Pantaneiro, articulando uma coexistência pacifica.

O Tenente Coronel Ângelo Rabello, presidente do Instituto Homem Pantaneiro, afirma que o trabalho executado pelo IHP é construir produtores de natureza. “Hoje somos inspiração, somos diálogo, somos ação e respeito, nós somos produtores de natureza. Temos uma história de muito orgulho e respeito ao homem, respeito as espécies e aos lugares construindo e planejando um futuro mais sustentável".

Ângelo Rabello, presidente do IHP

Rabello relata que seu trabalho foi árduo antes da criação do instituto, ainda como membro da Polícia Militar Ambiental (PMA). "Quem viveu aqui na década de 80, lembra que foi um período de tensão no Pantanal, foram quase 15 anos de guerrilha para que pudéssemos controlar definitivamente a caça e o tráfico de animais silvestres".

Depois desse periodo de combate armado, o tenente decidiu retribuir a ajuda recebida pelas famílias pantaneiras que o auxliaram nessa empreitada, pois sem o conhecimento prévio daqueles que já viviam na região seria impossivel a atuação da PMA. "Eu percebi que precisava retribuir de alguma forma e a criação do Instituto, o próprio nome é um gesto de respeito aos homens que vivem nessa região que decidiram construir sua história pautada no respeito a natureza e não por imposição. Então nasce o IHP e nasce o Memorial que é a proteção de histórica de uma cultura que merece nossa admiração".

Ao completar 20 anos, o IHP comemora a existência de várias iniciativas que graças à colaboração de parceiros estratégicos, têm permitido entender mais o Pantanal e a partir disso, desenvolver ações cada vez mais assertivas. Hoje, o instituto encabeça a Rede Amolar, responsável pela gestão de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e outras áreas na Serra do Amolar.

Ao todo são 31 colaboradores trabalhando no IHP

Rabello destalha as principais conquistas do instituto. "Nossa história gerou respeito pelo próprio homem pantaneiro, buscando pelo dialogo construir soluções e não só de proteção de espécies, mas da própria Serra do Amolar e conseguimos proteger nascentes como Rio Perdido, Prada, Mimoso que são rios que tem aspecto emblemático e que geram emprego e renda para o turismo e hoje, ter o memorial aberto a visitações é um sonho realizado".

Nesse momento, o IHP está colhendo os frutos de seu trabalho, e se prepara para os próximos 20 anos. "Depois da experiência traumática de 2020, causada pelo fogo, nossa meta é fomentar a prevenção e restauração das áreas que foram violentamente atingidas pelo fogo e também a geração de conhecimento cientifico. Estamos empenhados em assegurar a proteção da Serra do Amolar e como segunda meta é a proteção das nascentes", esclarece Rabello.

O Memorial Homem Pantaneiro

Inaugurado em dezembro de 2021, o Memorial do Homem Pantaneiro é uma iniciativa do IHP para valorização do patrimônio histórico-cultural da região, por meio da preservação da memória e divulgação da identidade cultural regional. O memorial funciona na Casa Vasquez & Filhos, um dos prédios históricos mais importantes de Corumbá, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e recuperado pelo Programa Monumenta, do Governo Federal.

Casarão Vasquez & Filhos, localizado na Ladeira José Bonifácio, Centro de Corumbá

O Casarão Vasquez & Filhos, apelidado de Vasquinho, é um dos principais cartões postais da Capital do Pantanal. Foi projetada em 1909 pelo arquiteto italiano Martino Santa Lucci. A ideia inicial do udo do prédio era como residência, porém já foi agência bancária e armazém.

O gestor de turismo do Instituto Homem Pantaneiro, Luiz Ricardo Julião Rocha, detalha que o Memorial é constituido de doações desde fotos a objetos antigos das famílias pantaneiras. "Trabalhamos com a memória do homem pantaneiro, que tem como objetivo que as famílias pantaneiras tragam suas memorais para cá, pois essas peças expressam e colaboram para conservação da cultura do pantaneiro".

O acervo é constituído pelas doações da comunidade pantaneira

Programas desenvolvidos pelo IHP atualmente:

Rede Amolar

A Brigada Alto Pantanal surge da necessidade de ações estratégicas para reduzir o impacto dos incêndios florestais

A Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, mais conhecida como Rede Amolar, surgiu da necessidade de criar corredores ecológicos que guardam a maior variedade possível de espécies vegetais e animais. Para cuidar destas áreas com a eficiência e a eficácia para a conservação da natureza e para o desenvolvimento local foi criada a Rede Amolar, que é uma parceria entre organizações proprietárias de terras destinadas a ações conservacionistas.

As ações ocorrem de forma conjunta entre IHP e instituições parcerias como Instituto Acaia Pantanal, Fazenda Santa Tereza, Fundação Ecotrópica, Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense (PARNA Pantanal) e Polícia Militar Ambiental.

Cabeceiras do Pantanal

Em parceria com várias entidades, com o objetivo de promover a conservação, preservação e gestão sustentável das áreas de nascentes

O projeto é uma iniciativa do IHP, em parceria com várias entidades, com o objetivo de promover a conservação, preservação e gestão sustentável das áreas de nascentes e APPs (Áreas de Preservação Permanente) do planalto da Bacia do Alto Paraguai. Com a iniciativa, a intenção é garantir a disponibilidade hídrica e a ampliação da cobertura de vegetação nativa, fundamental para fornecimento de serviços ecossistêmicos na região.

Amolar Experience

O programa tem como principal objetivo a promoção e produção de experiências turísticas inovadoras e sustentáveis na Serra do Amolar

Em 2021, o IHP criou o programa de turismo de experiências Amolar Experience. O programa tem como principal objetivo a promoção e produção de experiências turísticas inovadoras e sustentáveis na Serra do Amolar e seu entorno, acolhendo com segurança e qualidade a todos os viajantes que desejam se conectar à região pantaneira. As experiências do programa ocorrem a partir das áreas da RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Acurizal e Eliezer Batista, nas quais as únicas atividades permitidas são pesquisa, educação ambiental e ecoturismo.

Felinos Pantaneiros

Onça-Pintada Joujou, nas áreas da Rede Amolar, sob Gestão do IHP

Executado pelo IHP, com o apoio da Rede Amolar e da Fundação Panthera, o programa tem como objetivo principal propor e executar ações de manejo que minimizem problemas causadas pela predação de gado por grandes felinos e predação de lavoura por porcos silvestres, assegurando melhores práticas e referência na harmonia entre produção e conservação. Além da avaliação de estratégias antipredação do rebanho bovino, o projeto estima e avalia, por meio de câmeras-trap, aspectos ecológicos dos grandes felinos pantaneiros, desde 2016.

Estratégias para a conservação da natureza


A partir da atuação na PMA (Polícia Militar Ambiental), ele percebeu a necessidade de capacitar os militares ambientais efetivos para uma atuação preventiva

A capacitação Estratégias para a Conservação da Natureza surgiu em 1992, a partir da necessidade de capacitar os militares ambientais para uma atuação preventiva, com base em conhecimentos técnico-científicos. Em 2005, o IHP passou a oferecer a capacitação como parte de seus projetos em Corumbá. No ano passado, a curso foi transformado em pós-graduação lato sensu, ofertado pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), em parceria com o IHP.

Após meses sendo monitorada por sinais emitidos por GPS e VHF, a onça macho que foi resgatada dos incêndios do Pantanal e devolvida para seu habitat

Dos 20 anos de trabalho no IHP, Ângelo Rabello destaca que a principal conquista é o reconhecimento da sociedade. “O reconhecimento do nosso trabalho é a principal conquista e um orgulho muito grande para todos que formam o IHP. É um trabalho feito com seriedade, compromisso e principalmente, respeito ao bioma e a todos envolvidos”, finaliza.

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