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CINEMA REGIONAL

"Do Sul": Filme retrata com humor as disputas na fronteira de MS

Diretor Fábio Flecha fala sobre os desafios e a inspiração por trás do filme que mistura humor e crime em Mato Grosso do Sul

25 maio 2024 - 11h30Carlos Guilherme
Filme é dirigido por Fábio Flecha
Filme é dirigido por Fábio Flecha - (Fotos: Flávia Vicuna)

Imagine a história de um escritor em Mato Grosso do Sul, explorando as complexas disputas e tensões na fronteira do Estado. Agora, visualize essa narrativa contada de maneira leve e bem-humorada. É exatamente isso que o filme "Do Sul" dos produtores Fábio Flecha e Tania Sozza pretende apresentar ao público.

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Ao Light, o diretor e roteirista Fábio Flecha compartilhou detalhes sobre o filme, uma produção da Render Brasil Produções. A ideia para o longa-metragem de 90 minutos, surgiu em 2011, motivada por um problema recorrente na grande mídia: a confusão entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Algumas cenas foram gravadas no Hotel Gaspar em Campo Grande - (Foto: Flavia Vicuna)

"Uma das situações mais recorrentes na grande mídia e grandes eventos é nomearem somente Mato Grosso. Quando é um evento ao vivo, é comum escutar o coro 'DO SUL'. E, infelizmente, as disputas de grupos criminosos pela fronteira de MS vêm crescendo nos últimos anos. Tratar o assunto numa linguagem de comédia é também uma crítica", explicou.

Filme terá cenas de ação, sem deixar de lado o humor - (Foto: Flávia Vicuna)

O roteiro, embora fictício, é inspirado em situações cotidianas do sul-mato-grossense. "Temos uma fronteira muito extensa e poucos recursos para fiscalizar, sobrecarregando as forças de segurança que atuam em MS", destacou Flecha. Ele também mencionou a riqueza cultural da região, que, apesar de ser vasta, teve que ser condensada em um filme.

A seleção de elenco foi um ponto crucial e seguiu uma regra específica: escolher profissionais que atuam em Mato Grosso do Sul. "É um incentivo não só ao elenco, mas a todos os profissionais que atuam na cadeia produtiva do audiovisual. Esses atores e atrizes conhecem bem a realidade de morar em um Estado tão grande em espaço físico, mas com uma população pequena. São singularidades que somente quem vive aqui consegue mostrar através da atuação cênica", afirmou o diretor.

Os desafios para a realização do filme foram muitos, desde a obtenção de investimentos até a adaptação do roteiro ao longo dos anos.

"O primeiro e maior de todos é conseguir o investimento participando de seleções públicas de incentivo ao cinema e audiovisual. Conseguimos apoio da Prefeitura de Campo Grande através do Fundo Municipal de Investimentos Culturais (FMIC) em 2017 para iniciar o projeto", explica.

Além disso houve um hiato de seis anos, devido mudanças na política federal e pela pandemia. "Com a Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria de Turismo (Sectur), conseguimos o apoio para finalizar o projeto. Dai veio um novo desafio: readaptar o roteiro de 2017 para 2024. Mas produção audiovisual é sempre um desafio e resiliência é nosso lema", comentou Flecha.

Várias belezas naturais de MS foram exploradas no filme que será lançado em setembro - (Foto: Flávia Vicuna)

A integração do humor ao tema das disputas criminosas é um convite para observar a situação por um ângulo diferente. "Temos personagens que buscam 'crescer' na criminalidade, mas acabam percebendo que na verdade não existe futuro nesse meio. E o humor é uma maneira de fixar estas máximas", explicou.

Sobre a reação do público, Flecha afirmou que é difícil prever. "Nosso trabalho é tentar entreter e ao mesmo tempo expor um pouco daquilo que somos e vivemos em nosso Estado. Achamos importante que nós contemos as nossas histórias, nosso gol é provocar emoções diante da tela."

O filme também faz um tributo ao histórico Hotel Gaspar, um ícone de Campo Grande que fechou em 2020 após 66 anos de funcionamento. "Se o hotel pudesse contar quem recebeu e o que viu em 70 anos, seria um testemunho muito interessante de nossa história e das transformações que aconteceram em MS. Gravar no hotel é uma forma de incentivar a retomada da ocupação da região da esplanada ferroviária", explicou Flecha.

Mesmo após a conclusão do filme, os desafios continuam. "Primeiro, de ser apresentado a festivais de cinema no Brasil e no exterior, depois conseguir investimento para distribuição em cinemas e, em seguida, buscar canais e streamings. Somos otimistas, já conseguimos fazer isso com as nossas produções anteriores", concluiu. O filme tem previsão de estreia em setembro deste ano.

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