
Saiba Mais
A falta de mercado para o público geek na Capital já levou fãs a viajar quilômetros para curtir shows e eventos. O jornal A Crítica conversou com quatro apaixonados por novas tecnologias, games, cosplays, mangás, K-pop e animes para saber mais sobre esse universo e o oferecimento de mercado.
A jornalista Isadora Mesquita, 28, passou a amar o gênero musical da Coreia do Sul, mundialmente conhecido como K-pop desde 2009. “Eu recebi um vídeo no Orkut. Era a música "Sorry Sorry" do Super Junior. O idioma foi um choque. Depois que passou esse primeiro impacto, o segundo impacto foi o visual, tudo muito bem coreografado, os rapazes eram muito bonitos. Foi assim que começou essa minha paixão, desde 2009, basicamente metade da minha vida”, conta.

Álbuns de K-pop - Foto: Arquivo Pessoal
Isadora comenta que naquela época não haviam eventos, e que o primeiro que participou na Capital foi em 2014. “Foi na 1ª edição do Parada Nerd, no colégio Paulo Freire. Tinham algumas camisetas à venda, alguns itens de K-pop, e uma televisão pequena passando os vídeos de música, em algumas horas eles faziam atividade de quiz pergunta e resposta valendo alguns prêmios da lojinha. Esse foi o primeiro contato de evento que tive”, enfatiza.
O Parada Nerd é uma convenção anual multitemática, criada em 2013 na Capital, destinada a jovens, crianças e adolescentes que gostam ou têm interesse em qualquer tipo de cultura pop.
Atualmente, Isadora é co-organizadora do “K-pop Day MS”, juntamente com o fundador do evento Vinícius Fernandes Anzou. “Em 2015 eu conheci o Anzou. Depois que passamos a ser amigos, percebemos a necessidade de se ter mais eventos de K-pop. Nesse contexto, ele criou o “K-pop Day MS”, a primeira edição foi em 2016, no espaço da loja XD Comic Shopping. Teve venda, quiz, comidas, pessoal fazendo caneca personalizada, camiseta. foram mais de 200 pessoas”, explica.
Plaquinhas de decoração de grupos K-pop - Foto: Arquivo Pessoal
Fora do Estado, Isadora já foi em quatro shows de K-pop. Seu primeiro show foi em 2013, do Super Junior, e em 2018 do Monsta X, já no ano de 2019, foi ao show do BTS e repetiu a ida no Monsta X, que veio novamente ao Brasil.
Aqui na Capital, já houve um show em 2018, com o grupo “DIP”. “O Parada Nerd fez um showcase com um grupo de K-pop. Foi um evento pequeno, não foi um show enorme, mas foi um show com o grupo DIP. Teve sessão de autógrafos para os meninos e o evento de ir lá abraçar todos eles e tirar uma foto, e por fim a apresentação”, comenta a jornalista.
Além disso, a co-organizadora comenta que haviam muitos planos para esse público em 2020, mas com a pandemia foi impossível realizar. “Nós tínhamos planos grandes para 2020. Em 2019 fizemos dois eventos no Bosque, que nós chamamos de “K-pop Day express”, e no final do mesmo ano, o pessoal da Parada Nerd nos chamou para fazer a parada K-pop. No final de 2021, o Shopping Norte Sul Plaza foi o Museu do Videogame, e em uma das atividades era o “dia de K-pop”. Foi muito emocionante depois de dois anos sem ter evento pudemos reencontrar nosso pessoal”.
Isadora no K-pop Day Express - Foto: Arquivo Pessoal
K-pop Day Express em 2019 - Foto: Arquivo Pessoal
Para o fundador Vinícius Anzou, 22, os dois maiores eventos atuantes hoje para o público geek na cidade é o “Parada Nerd”, considerado o maior evento de cultura pop do centro-oeste, e o “K-pop Day MS”. “Mesmo antes do cenário da pandemia, podíamos notar que vários eventos locais tinham encerrado suas atividades, muitos deles acabaram por falta de incentivo e patrocínio. A minha opinião é de que hoje o mercado está mais aberto para receber, uma vez que temos eventos de mesma temática acontecendo nas grandes capitais como São Paulo”, comenta.
Isadora e Vinícius - Foto: Arquivo Pessoal
Assim como Isadora e Vinícius, a acadêmica de Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Sara Evelyn, 22, é entusiasta da Cultura Pop.
“Desde pequena gosto desse universo dos heróis, dos filmes, desenhos animados e também dos jogos. Minha paixão pela infância era X-men Evolution e Liga da justiça - Sem Limites. Na pré-adolescência conheci Naruto, mas depois me afastei um pouco de tudo isso. Em 2014, quando Guardiões da Galáxia estreou nos cinemas, me perguntaram a qual editora a equipe pertencia, e eu sem saber, disse que era da DC. Quando me corrigiram, fui pesquisar mais a respeito e me rendi novamente aos encantos da Marvel. Desde então, acompanho todos os filmes e agora, as séries. Quero conhecer mais da DC Comics também”, conta.
Sara e o irmão na estreia de Homem Aranha: Sem Volta para Casa
Para a acadêmica, a falta de eventos faz falta. “No geral, sinto que faltam eventos nesse sentido. Existe a Parada Nerd. Acredito que a comunidade geek vem crescendo cada vez mais e seria uma ótima oportunidade para aquecer o comércio local, principalmente pós pandemia. As livrarias poderiam promover eventos para os lançamentos de livros e hq's e curto muito a ideia de restaurantes temáticos”, acrescenta.
O universo geek faz parte da vida de Sara em várias situações, desde a roupa que utiliza, até utensílios domésticos. “Está em quase tudo. Nas minhas roupas, decoração do meu quarto, utensílios da cozinha, no meu material escolar. Até tenho um movie journal, com algumas páginas dedicadas para produções da Marvel. Já até pensei em desenvolver uma pesquisa relacionada às histórias em quadrinhos, mas nada concreto por enquanto”.
Movie journal - Foto: Arquivo Pessoal
No caso do professor de história, Mateus Noguchi, 22, sua parte preferida são os games. “Sempre tive contato com jogos, meu pai adora videogames e tenho memórias de tardes assistindo ele jogar Warcraft 3. Logo que pude usar um computador, comecei com jogos de estratégia. Desde então, jogar tornou- se uma parte integral da minha vida, meu hobby favorito. Aprendi inglês por meio dos jogos, fiz amizades que tenho até hoje por meio deles”, comenta.
Além disso, em 2014 ele viajou a São Paulo para participar da BGS (Brasil Game Show). “Foi uma das melhores experiências da minha vida, todo o evento foi sensacional. Conheci Youtubers, na época eu era muito fã, mas principalmente a ter acesso a jogos que ainda não tinham sido lançados, palestras feitas pelos próprios desenvolvedores dos jogos,” relembra.
Mateus Noguchi na BGS - Foto: Arquivo Pessoal
Para ele, os eventos que ocorrem na cidade são mais dedicados a outras categorias. “Normalmente, a categoria game está inclusa em outros eventos, como uma das atrações, mas nada focado somente nisso. Claro, houve um aumento considerável, torneios de Counter Strike e League of Legends, são relativamente comuns. Mas, gostaria de ver coisas mais abrangentes, sem focar somente no aspecto competitivo do hobby”, finaliza.
